A Azul Linhas Aéreas (AZUL4) lucrou R$ 231 milhões no quarto trimestre, após prejuízo um ano antes, mas a melhora nos resultados refletiu essencialmente o efeito positivo do câmbio sobre instrumentos financeiros detidos pela empresa. Sem este efeito, a Azul teria registrado prejuízo de R$ 610,5 milhões, uma perda 40% maior que a registrada no quarto trimestre de 2021
O resultado sem ajuste contrariou as previsões de alguns bancos e corretoras do mercado consultados pela Agência TradeMap, que esperavam um prejuízo no período.
A XP projetava um prejuízo líquido de R$ 247 milhões, enquanto o BTG esperava R$ 1,2 bilhão e o Santander vislumbrava R$ 313 milhões negativos.
A receita líquida total da Azul subiu 19,4% na comparação entre o último trimestre de 2021 e o mesmo período de 2022, e encerrou os três últimos meses do ano passado em R$ 4,4 bilhões. No ano de 2022 completo, a receita foi de R$ 15,9 bilhões, um montante 60% maior que em 2021.
As despesas da Azul, no entanto, cresceram ainda mais rápido que a receita no quarto trimestre, em 22,6%, para R$ 3,93 bilhões, o que deixou o resultado operacional positivo, mas praticamente estável no período, em R$ 525 milhões.
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação) da companhia aérea somou R$ 1,09 bilhão no quarto trimestre, mostrando alta de 6,9% na comparação anual.
A Azul ainda destacou em seu balanço que o Ebitda aumentou 6,9% na comparação com o último trimestre de 2019, o último antes da pandemia de Covid-19, mesmo com “115,8% de aumento no preço do combustível, 27,7% de depreciação do real e mais de 20% de inflação no Brasil nos últimos três anos”.
Destaques operacionais da Azul
Os indicadores operacionais apresentaram melhora. A oferta de assentos, medida pela multiplicação de vagas em um avião pela distância percorrida (ASK), cresceu 10,3% no quarto trimestre, enquanto a demanda, que calcula quantos passageiros de fato ocuparam o assento durante o trajeto (RPK), teve alta de 4,8%.
Por sua vez, a receita unitária de passageiros por assentos/quilômetros oferecidos (PRASK) teve variação positiva de 10%. Já o RASK, a receita operacional dividida pelo total de assentos-quilômetro oferecidos, subiu 8,2%.
“PRASK e RASK também foram recorde mesmo com um crescimento de 4,8% no tráfego de passageiros e com crescimento da capacidade de 10,3%. Comparado com o quarto trimestre de 2019, antes da pandemia, o PRASK e RASK aumentaram 23,6% e 27,2% respectivamente”, completou a Azul.
O preço médio do combustível foi de R$ 5,63 por litro no quarto trimestre de 2022, uma alta de 42,5% frente o mesmo período do ano anterior.
Por fim, a Azul ainda disse que espera uma receita recorde de R$ 20 bilhões em 2023 e um Ebitda também recorde de mais de R$ 5 bilhões, aproximadamente 40% acima em comparação com 2019, período pré-pandemia.
“Com o suporte dessas fortes tendências operacionais, estamos implementando um plano de longo prazo abrangente para enfrentar os efeitos colaterais do Covid-19 em nossa estrutura de capital. Estamos animados e otimistas com o que enxergamos em 2023 e no horizonte”, disse John Rodgerson, CEO da Azul.
Azul anunciou acordo com arrendadores
A Azul ainda anunciou no final de semana que firmou um contrato com seus arrendadores para pagar mais de 90% de suas dívidas com os mesmos. Nos termos da assinatura, o sarrendadores reduzirão os pagamentos de arrendamento da Azul para eliminar diferimentos relacionados à Covid-19 e a diferença entre as taxas de arrendamento contratuais da Azul e as taxas de mercado atuais.
Em troca, os arrendadores receberão um título de dívida negociável com vencimento em 2030 e ações precificadas de forma a “refletir a nova geração de caixa da Azul, sua melhor estrutura de capital e a redução em seu risco de crédito”.
Segundo a companhia, o acordo é parte de um plano para fortalecer a geração de caixa, melhorando sua estrutura de capital e entregando aos arrendadores 100% dos valores previamente acordados “através de uma combinação de dívida de longo prazo e ações precificadas sobre um balanço patrimonial reestruturado”.
“Os arrendadores representam 80% de nossa dívida bruta nominal”, disse Alex Malfitani, CFO da Azul, em comunicado enviado ao mercado. De acordo com o balanço divulgado mais cedo, a dívida bruta da empresa ao final de 2022 era 1,3% menor que em 2021, e estava em R$ 21,8 bilhões.