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Até onde cai o Ibovespa? Atual ciclo de baixa é mais acelerado que o último, diz BofA

Inflação disseminada em escala global e aumento dos juros americanos tendem a pressionar ainda mais o quadro negativo

Foto: Shutterstock

O atual ciclo de queda do Ibovespa desde que tocou o topo histórico em maio de 2021 é mais intenso do que no período de 2013 a 2016, última vez em que o índice passou por um quadro semelhante antes da pandemia de Covid-19, informou o Bank of America (BofA), em análise divulgada nesta sexta-feira (24).

Segundo o BofA, o Ibovespa está numa situação de “bear market” – quando o valor do índice cai 20% ou mais em relação ao pico mais recente. Em geral, este quadro é associado a um momento de maior pessimismo dos investidores.

Fora o derretimento de 50% do Ibovespa entre a máxima de janeiro de 2020 e a mínima de março daquele ano, provocada pelo surgimento da pandemia de Covid-19, a última vez em que o índice passou por um “bear market” foi no período de 2013 a 2016.

Naquela época, segundo o BofA, o Ibovespa atingiu um pico em janeiro de 2013, caiu 40% até chegar na mínima (ou 15% excluindo as ações relacionadas a commodities), e depois se recuperou. No ciclo atual, o índice cai cerca de 25% considerando o índice cheio e 28% excluindo commodities.

“Na baixa de 2013, energia/materiais tiveram desempenho inferior devido à queda dos preços das commodities e grandes bancos caíram 29%, contra 22% hoje”, disseram os analistas David Beker, Paula Andrea Soto e Carlos Peyrelongue.

Inflação global e Fed agravam cenário

Essa queda mais rápida do Ibovespa tem motivo – a alta de juros. No ciclo de 2013 a 2016, os juros tinham subido mais lentamente no Brasil do que agora.

A taxa básica de juros (Selic) saiu de 7,25% ao ano em abril de 2013 para em 14,25% em setembro de 2015, permanecendo neste patamar até outubro de 2016. Ou seja: o aumento levou quase dois anos e meio e foi de 7 pontos porcentuais.

No “bear market” atual, os juros saíram de 2% ao ano em janeiro de 2021 para 13,25% neste mês, o que equivale a 11,25 pontos porcentuais de alta em apenas um ano e meio.

A expectativa do BofA, e da maior parte do mercado financeiro, é de um novo acréscimo de 0,50 ponto porcentual em setembro.

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Além do peso dos juros domésticos na Bolsa brasileira — que tende a perder investidores que buscam rendimentos mais seguros na renda fixa —, o cenário de inflação pressionada em escala global e os impactos do aumento dos juros americanos pelo Fed (Federal Reserve) abrem espaço para que o Ibovespa siga recuando, segundo o banco americano.

O BofA ressalta que a alta de juros no Brasil está perto de terminar e que, em termos históricos, quando isso foi associado a movimentos de alta de juros nos EUA o Ibovespa teve um bom desempenho.

Por outro lado, o banco diz que o Ibovespa ainda está mais caro do que no “bear market” de 2013 quando se analisa a relação entre o preço do índice e o lucro que as empresas que ele representa devem apresentar.

No pior momento do “bear market” de 2013 a 2016, a relação entre preço e lucro do Ibovespa, excluindo ações ligadas a commodities, era de 8,1 vezes. Hoje, essa relação está em 9,4 vezes – maior que a do ciclo passado, mas ainda 20% abaixo da média histórica.

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