Em teleconferência para apresentar os resultados financeiros do quarto trimestre de 2021 da Yduqs (YDUQ3), o CEO da empresa, Eduardo Parente, afirmou, na manhã desta quarta-feira (16), que vê 2022 como um ano de retomada, após dois anos que a empresa foi impactada pela pandemia de Covid-19.
Para Parente, o ano de 2022 será “o novo 2020”. Isso porque, na época, antes do início da pandemia, a empresa enxergava o ano como um “ponto de virada” e de alto crescimento. Contudo, o planejamento foi interrompido pela crise de saúde no país.
No quarto trimestre do ano passado, a empresa teve prejuízo de R$ 74,3 milhões. As perdas, porém, foram 27,6% menores que as de igual período do ano anterior. E no ano todo a companhia teve lucro líquido de R$ 158,2 milhões, alta de 61,1% em relação a 2020.
Apesar da melhora, o mercado reagiu mal ao balanço da Yduqs. Por volta das 12h, a ação da companhia liderava as perdas entre as empresas do Ibovespa, com tombo de 10,1%, a R$ 16,40.
Para 2022, a Yduqs projeta aumento na captação de novos alunos em todas suas frentes de negócios — premium, presencial e ensino digital. A base de alunos da companhia fechou o quarto trimestre de 2021 em 1,2 milhão, expansão de 63,1% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Captação em todas frentes do negócio
No tipo premium, que conta com as escolas de medicina e o Ibmec, a previsão é de que a captação aumente de 10% a 20% no primeiro semestre de 2022. Em relação ao valor médio pago pelos alunos, a expectativa é de um aumento de até 5% no mesmo período.
No quarto trimestre do ano passado, o segmento foi responsável por 30% do Ebitda (lucros antes dos juros, impostos, amortização e depreciação) em 2021.
Em relação aos cursos de medicina, Eduardo Parente afirmou que espera encerrar o ano de 2022 com até 7,5 mil alunos, o que representaria um aumento de 10% em relação aos 6,8 mil que encerraram 2021.
“Vamos observar uma evolução natural nas vagas que já ofertamos, além disso, queremos evoluir em vagas adicionais. O MEC (Ministério da Educação), por exemplo, já autorizou até o momento a criação de 200 vagas adicionais”, comenta Parente.
Ele finalizou afirmando que a captação para o primeiro semestre de 2022 já está se encerrando, e já é possível observar um aumento entre 10% e 20% em comparação com o mesmo período em 2021.
No caso do ensino digital, a expectativa da Yduqs é aumentar de 50% até 60% sua captação no primeiro trimestre de 2022. Contudo, a empresa espera um ticket médio com uma queda de até 10% no período. Isso deve acontecer, segundo Eduardo Parente, porque a companhia possui uma política de descontos no primeiro semestre.
Funciona assim: o calouro entra na universidade no modelo de ensino digital e, nos seis primeiros meses de curso, paga uma mensalidade de cerca de R$ 129. A partir do sétimo mês, paga o valor integral.
“A massa de novos entrantes nas nossas universidades corresponde a 25% de nossa base total. Como damos este desconto, isso afeta o ticket médio, mas para os próximos trimestres esse valor se normaliza”, comenta Parente.
Em termos de receita, premium e digital corresponderam a 49% da receita total do último trimestre de 2021.
O modelo presencial foi o mais afetado com a pandemia, e Parente vislumbra que, no primeiro semestre de 2022, a empresa irá registrar um aumento de 30% a 50% na base de alunos deste segmento.
“2021 foi um ano difícil para o segmento. Tivemos uma captação ruim nos dois semestres e vimos a receita, o Ebitda, a margem e a base de alunos cair. Nos primeiros seis meses do ano passado vimos uma evasão de cerca de 50% dos alunos. Contudo, os outros modelos de negócio diminuíram parte dessas perdas”, comenta o CEO da Yduqs.
Em relação ao ticket médio, pelos mesmos motivos do ensino digital, o primeiro semestre deve apresentar um número em linha com os do período anterior.
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Eduardo Parente comentou na teleconferência que os últimos dois anos mostraram uma “resiliência” do negócio, e que mesmo com o momento ruim do mercado de educação e do cenário macroeconômico brasileiro, a Yduqs conseguiu entregar “resultados sólidos”.
“Ao olhar para 2022, existe muita coisa projetada para acontecer, e esse início de captação forte até agora mostra animação para ‘surfar’ uma nova onda”, comenta o CEO.
Troca na diretoria
Além de comentar sobre os resultados e projetar o futuro, a empresa anunciou que Eduardo Haiama, atual diretor financeiro e diretor de relação com investidores, deixará os cargos em abril deste ano.
O próximo a ocupar o posto será Rossano Marques, que atualmente ocupa a função de vice-presidente de operações corporativas. Marques já foi gerente geral da Vale e do Santander, e está na Yduqs desde julho de 2019.