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Apesar de líder do setor, Raia Drogasil (RADL3) pode dobrar participação e melhorar as margens, diz BofA

Banco retomou a cobertura da ação com recomendação de compra e preço-alvo de R$ 25

Foto: Shutterstock

Apesar de ser a líder da indústria, vendendo e lucrando mais do que seus cinco principais concorrentes juntos, a Raia Drogasil (RADL3) ainda pode dobrar sua participação de mercado e melhorar suas margens, na análise do Bank of America (BofA).

Em relatório de retomada de cobertura distribuído nesta terça-feira (28), os analistas Robert E. Ford Aguilar, Melissa Byun e Vinicius Pretto recomendam a compra do papel, com preço-alvo de R$ 25 – o que corresponde a alta de 27% em relação ao valor do fechamento de hoje, de R$ 19,69.

Um dos principais pontos que jogam a favor da Raia Drogasil é sua escala, que a coloca em uma boa posição para ganhar participação de mercado e expandir margens, diz o BofA.

Ainda que a companhia detenha 26% de participação em seu principal mercado e entre 14% e 17% do mercado nacional, oportunidades de crescimento em categorias como conveniência, cuidados pessoais, marca própria, e-commerce e serviços devem permitir que a Raia Drogasil amplie seu market share e melhore a margem.

Além disso, na análise do banco, as iniciativas digitais da companhia devem abrir ainda mais o intervalo entre ela e seus concorrentes. O aplicativo, as estratégias de gestão de relacionamento com clientes (CRM, na sigla em inglês) e os serviços digitais também podem impulsionar vendas, margens e fidelização de clientes, diz o BofA.

“Conforme as diferenças de escala continuam a crescer, acreditamos que poder de compra, distribuição própria, digitalização, receita de serviços, marketplace e diversificação geográfica devam impulsionar uma polarização ainda maior de participação de mercado e lucratividade”, dizem os analistas.

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Atualmente, a margem bruta da Raia Drogasil é inferior à média de seus principais concorrentes em cerca de 2 pontos base, de acordo com o BofA. A margem Ebitda, por sua vez, supera a média em 3%, devido à maior produtividade de suas lojas. “Percebemos a diferença de margem bruta como uma oportunidade de longo prazo”, diz o banco.

Em outra frente, as próprias características do setor brasileiro de farmácias também são favoráveis, principalmente a alta fragmentação e a combinação de crescimento e resiliência. De acordo com dados da empresa de tecnologia da informação em saúde IQVIA, citados pelo BofA, o mercado brasileiro de farmácias é estimado em R$ 144 bilhões e deve crescer a um ritmo anual de 6,3% nos próximos cinco anos, impulsionado pelo envelhecimento da população, pelo crescimento de renda e pela melhoria no acesso a cuidados de saúde.

Para o BofA, o setor mostrou resiliência durante crises econômicas passadas, de modo que deve resistir à fraqueza atual da economia.

Riscos

Apesar da visão positiva dos analistas sobre as perspectivas para a empresa, há alguns riscos no caminho. Particularmente, o fato de a ação da Raia Drogasil ser negociada a múltiplos mais altos do que seus principais concorrentes pode torna-la mais sensível a eventos adversos.

Entre estes eventos adversos estão mudanças no cenário competitivo, especialmente fusões entre players nacionais, a chegada de uma nova plataforma digital e diversificada no mercado, ou a combinação dos dois, alterando as dinâmicas competitivas.

Outra ameaça é o projeto de lei que visa permitir a venda de medicamentos que não necessitam receita médica em supermercados ou em canais online, o que poderia afetar os resultados da companhia, uma vez que, em 2021, este tipo de medicamento correspondeu a 21,3% de suas vendas.

O banco também não descarta possíveis riscos de execução. “Ainda que sistemas, processos e controles significativamente melhores, além de práticas de compensação, terem reduzido significativamente os riscos de execução da RD, na nossa visão, ainda vemos algum risco”, dizem os analistas.

Ainda que as farmácias tenham se provado resilientes em cenários adversos no passado, existe também o risco de impactos de uma crise econômica severa. “Apesar de as vendas de farmácias terem sido resilientes na grande recessão brasileira de 205-2016 e contracíclicas durante a pandemia de Covid, não há garantia que uma crise macroeconômica mais severa não resulte em desaceleração ou contração de vendas”.

Finalmente, o BofA cita ainda uma possível dificuldade em atrair e reter talentos, especialmente conforme expande para mercados menores e geograficamente menos atrativos.

Projeções

Daqui para frente, então, a expectativa do BofA é que a Raia Drogasil cresça a um ritmo mais acelerado do que seus concorrentes. Para os próximos cinco anos, a projeção do BofA é que a receita da empresa cresça em um ritmo médio de 15% ao ano. Para o Ebitda, o crescimento médio deve ser de 20%, e para o lucro, de 29%.

A margem bruta, por sua vez, deve apresentar melhoria de 0,7 pontos base nos próximos cinco anos, diz o BofA. O banco, porém, admite que essa projeção é conservadora, e fatores como melhorias de fornecimento, mix, marca própria, serviços e marketplace podem fazer com que a margem supere as estimativas.

“Nosso conservadorismo, no entanto, se baseia em expectativas de que a expansão da RD irá enfrentar cada vez mais concorrência regional e multirregional, possivelmente criando a necessidade de estruturas de precificação mais agressivas no médio prazo”, dizem os analistas.

A margem Ebitda, na projeção do BofA, deve ter crescimento de 2%  nos próximos cinco anos.

“A combinação de resiliência da indústria, fragmentação do mercado e a liderança e o histórico de crescimento da Raia Drogasil criam uma visibilidade de resultados considerável”, argumentam os analistas. 

 

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