Alpargatas (ALPA4): emissão de debêntures pode ser uma faca de dois gumes para empresa; entenda

O conselho de administração da Alpargatas (ALPA4), dona da marca Havaianas, aprovou a emissão de R$ 800 milhões em debêntures, de acordo com anúncio feito pela empresa na noite de sexta-feira (2).

Somente investidores profissionais terão acesso aos títulos, que serão emitidos em duas séries. A primeira terá vencimento em 12 de dezembro de 2027, e a segunda no mesmo dia em 2029.

A alocação dos recursos captados deve ser destinada para o pagamento de dívidas já existentes da empresa, além de financiar o capital de giro e auxiliar na gestão do negócio.

O que achamos

A captação será utilizada para alongar o prazo de pagamento das dívidas da companhia, aliviando a pressão no caixa no curto prazo.

Isto pode dar mais tempo para a empresa tornar as operações da Rothy’s mais eficientes.

Em dezembro de 2021, a Alpargatas adquiriu 49,9% da participação na Rothy’s, empresa de calçados americana, que está em processo de adaptação em busca de maturar as sinergias do negócio.

O alongamento das dívidas pode fazer com que as sinergias captadas sejam mais eficientes, podendo gerar um maior caixa para empresa no futuro.

No entanto, como parte dos recursos vai ser usado para o capital de giro, o nível de endividamento deve se elevar, aumentando as despesas com operações financeiras. Isto faz com que o lucro seja corroído, e reduz a margem líquida da empresa.

Por isso, a nova emissão de debêntures pode ser uma faca de dois gumes. Caso a empresa consiga elevar a capacidade de gerar caixa nos próximos trimestres, ela pode ser benéfica.

Mas se a geração de caixa for insuficiente para cobrir o endividamento, a empresa pode ser prejudicada com maiores despesas financeiras e maior risco de insolvência.

Como as ações devem reagir?

Os investidores podem ver mais pelo lado pessimista, pois o risco de insolvência da empresa é maior no momento. Portanto, as ações devem abrir em queda no pregão desta segunda-feira (5).

As ações da Alpargatas acumulam queda de 54% no ano.