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Abilio diz que não tem receio de Lula e Menin pede que governo não estrague política fiscal

Executivos participaram na manhã desta terça-feira (31) de um painel de um evento do Credit Suisse em São Paulo

Foto: Shutterstock/whiteMocca

No primeiro dia de um evento do Credit Suisse em São Paulo, dois dos maiores empresários do Brasil, Abilio Diniz e Rubens Menin, disseram nesta terça-feira (31) que estão confiantes e que acreditam no crescimento econômico do Brasil, mas fizeram ressalvas, com recados ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Abilio, que é fundador da Península Participações, sua holding de investimentos, e sócio do Carrefour (CRFB3), disse que não tem “nenhum receio” do governo Lula e ressaltou que o petista estava certo quando disse, durante o segundo mandato, que a crise internacional iniciada em 2008 seria apenas uma “marolinha” no Brasil.

“E foi mesmo. Em 2008, no GPA, nós seguramos e acreditamos no Brasil. Em 2009, nós dobramos de tamanho a companhia”, disse, durante painel de evento do banco suíço. “Não tenho nenhum receio do governo Lula. Estamos com 31 dias de novo governo e é natural que certas mensagens sejam confusas.”

O empresário disse que vê Lula como uma pessoa pragmática, que ama o país e que quer passar para a história, “coisa que ele vai fazer e já fez.” E ressaltou que o Brasil “cresceu muito” durante os oito anos de Lula e que a expectativa é que o crescimento volte.

Abilio, no entanto, afirmou que não se pode pensar em crescer com poupança estatal. “Por mais que o governo coloque alguma coisa [investimento estatal] aqui e ali, nós precisamos de capital privado, e tem muito aqui no Brasil e no exterior.”

Para ele, o Brasil não conseguirá ter crescimento sustentável, como quer o governo, se não tiver investimentos anuais que correspondam a 25% do PIB. “No ano passado, tivemos cerca de 20% e foi praticamente de iniciativa privada. Se queremos atender toda a população e colocar esse país onde achamos que deve estar, tem que ter esse investimento.”

Investimento estrangeiro no Brasil

Para o empresário, o que é necessário para o investidor estrangeiro se interessar de vez pelo Brasil é segurança jurídica e política. “É preciso que a situação política esteja calma e tranquila, então o dinheiro virá para cá.”

Em relação aos atos golpistas que ocorreram em Brasília no início do ano, Abilio acredita que “isso se esquece rapidamente”. Para ele, daqui para frente, o Brasil precisa estar “tranquilo”, sem “revanchismo.”

O empresário disse que conversou com o ministro da Defesa, José Múcio, e afirmou que o vê como um conciliador. “Ele nos garantiu que as Forças Armadas estão coesas, tranquilas, serenas, e isso é importante, porque o empreendedorismo precisa de regras claras.”

Menin, que é dono da MRV (MRVE3) e do Inter (INBR32), também disse que “acredita demais” no Brasil e acrescentou que está “comprado” no país, mas fez um apelo para que o novo governo não estrague os avanços de política fiscal do governo anterior.

“Os indicadores de superávit primário [de 2022] foram muitos bons. Pensamos que a dívida pública, quando o governo começou a emitir dinheiro [na pandemia], iria estourar, mas fechou comportada. Não podemos deixar estragar isso”, afirmou.

É preciso tomar cuidado, segundo o empresário, com esse “conjunto da obra” de indicadores, com o déficit público, para que o ambiente esteja melhor para que a inflação siga em desaceleração e o Banco Central possa iniciar a redução dos juros.

Para ele, o Brasil é “de longe”, entre os países que fazem parte dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), o melhor ambiente para receber capital estrangeiro. “Se comparamos com China, Índia e Rússia, damos de 7 a 1 nessa turma”, disse o empresário. “Temos que preservar esse ambiente para o capital estrangeiro, que muito tardiamente começou a tatear o Brasil.”

Menin afirmou que “depende de nós” criar um ambiente para virar “aquele Brics” que foi planejado no início, quando a sigla foi criada.

O empresário, contudo, não acredita que o novo governo deve conseguir aprovar no Congresso uma reforma tributária “ampla”, assim como não foi feito, em governos anteriores, com a reforma trabalhista e a reforma da Previdência.

“Mas se dermos um passo ou dois passos, é melhor do que nenhum”, disse. “E não se pode ter reforma tributária sem a reforma administrativa; é preciso criar espaço para que o estado custe menos, seja menor, para poder pensar uma carga tributária abaixo de 30%, que seria uma carga correta para um emergente.”

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