Logo-Agência-TradeMap
Logo-Agência-TradeMap

Categorias:

A conta que os grandes bancos têm de fazer para não serem os vilões da economia

Segundo o Itaú BBA, a margem financeira menos os custos de crédito deve ser igualmente dividido entre governo, acionistas e funcionários

André Ítalo Rocha

André Ítalo Rocha

Foto: Shutterstock/T. Schneider

Os mais críticos ao sistema financeiro gostam de pensar que os bancos são os grandes vilões da economia, porque colecionam lucros bilionários todos os anos ao cobrar juros altos dos clientes.

Já os defensores argumentam que os bancos têm um papel importante na economia ao financiar empresas que precisam de investimentos para crescer ou pessoas que estão em busca de recursos para realizar um sonho pessoal, como comprar um carro ou um imóvel. Em outras palavras, fazem a economia girar.

Vilões ou heróis, os bancos também estão inseridos no debate cada vez mais atual de que a economia tem de ser sustentável, uma discussão simbolizada pela sigla em inglês ESG, um conceito que prega que os negócios sejam sustentáveis em três pilares: meio ambiente, social e governança.

Os analistas do Itaú BBA que acompanham o setor financeiro se debruçaram sobre o tema para tentar entender como os bancos deveriam “repartir” o dinheiro que geram em seus negócios, para tentar identificar qual deveria ser a divisão ideal para que a empresa seja sustentável.

Pode-se entender que o dinheiro gerado pelos bancos para a economia é um saldo entre o que os bancos ganham com juros (a tal da margem financeira) e o que eles têm de custos de crédito, como o que é perdido com clientes que, no fim das contas, não pagam o que devem.

Pelas contas do Itaú BBA, o dinheiro que os bancos geram deveria ser igualmente repartido entre agentes da economia: o governo, que recebe em impostos, os funcionários, que naturalmente são pagos com salários e bônus, e os acionistas, que ficam com o lucro. Cada um desses agentes deveria ficar com um terço do total.

“Esse tripé equilibrado é, a nosso ver, a base para a sustentabilidade do negócio”, afirmam os analistas Pedro Leduc, William Barranjard e Mateus Raffaelli, em relatório divulgado nesta quinta-feira (24).

No relatório, o banco de investimentos afirma que os dois maiores bancos privados do Brasil sem contar o Itaú (já que o Itaú BBA não analisa o próprio dono) — Santander (SANB11) e Bradesco (BBDC4) — possuem cerca de R$ 2 trilhões em crédito e que, em 2021, a dupla gerou R$ 185 bilhões em valor adicionado na economia.

Desse montante que “sobrou” para os dois grandes bancos, o Itaú BBA calcula que 29% foram para os funcionários, 34% para o governo e 36% para os acionistas.

Os analistas do BBA acreditam que esse essa distribuição favorece a sustentabilidade dos bancos na medida em que esses investimentos, na ponta do lápis, favorecem os recursos humanos das instituições, de forma a melhorar o setor tanto na frente comercial quanto na tecnológica.

Contudo, para acontecer esse investimento em pessoas, o acionista deve obter um retorno sobre esse capital alocado, e, com isso, estar disposto a reinvestir no negócio. “Só o crescimento e a rentabilidade permitirão contribuições fiscais sustentáveis, outra contribuição relevante para a sociedade”, acrescentam os analistas do BBA.

E os bancos públicos?

No caso de bancos públicos, como o Banco do Brasil (BBAS3), a divisão ficou em 42% para os funcionários, 18% para o governo e 37% para acionistas.

Dois fatores explicam essa porcentagem maior para os trabalhadores dos bancos estatais. Primeiro, o Itaú BBA acredita que a receita gerada por funcionário para o banco é 1,4 vez maior nos privados no que nos públicos.

Segundo, os funcionários de bancos públicos custam 1,2 vez mais do que nos pares privados, já que existe menos rotatividade nessas empresas, de forma que esses colaboradores acumulam um salário maior ao longo dos anos.

“As contribuições fiscais são muito mais baixas para os bancos estatais por conta de um menor ROE (retorno sobre patrimônio líquido) e pela alíquota de imposto de renda menor. A remuneração dos funcionários consome uma parcela muito maior do bolo nos bancos públicos”, acrescenta o relatório do BBA.

Compartilhe:

Leia também:

Mais lidas da semana

Uma newsletter quinzenal e gratuita que te atualiza em 5 minutos sobre as principais notícias do mercado financeiro.