O Ibovespa encerrou a segunda-feira (9) em queda de 0,30%, aos 135.699 pontos — menor nível em um mês — pressionado pela reação do mercado às novas medidas fiscais anunciadas pelo governo federal.
O governo está propondo a taxação de 5% sobre LCI, LCA, CRIs e CRAs — títulos antes isentos —, além de elevar a tributação sobre apostas esportivas (“bets”) e instituições financeiras. A alíquota da CSLL será unificada, com o fim da faixa de 9%, restando as de 15% e 20%.
Segundo Haddad, as mudanças visam reduzir em pelo menos 10% os gastos tributários de natureza infraconstitucional. A proposta ainda precisa do aval do presidente Lula, que retorna ao Brasil na noite desta segunda. Uma reunião entre Lula e Haddad está marcada para terça-feira (10), quando o texto da MP será apresentado.
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou que o Congresso não tem compromisso de aprovar a medida provisória, apesar de reconhecer que a proposta é menos danosa que o decreto original do IOF. Motta também destacou que as isenções fiscais somam até R$ 800 bilhões por ano e defendeu uma revisão dos benefícios não previstos na Constituição.
Desempenho do mercado
No setor de proteínas, as exportações de carne suína do Brasil cresceram 13,7% em maio, com 118,7 mil toneladas embarcadas, segundo a ABPA. O aumento foi impulsionado pelas Filipinas, que se consolidaram como principal destino, compensando a queda nas vendas para a China.
As ações da JBS (JBSS3) foram oficialmente retiradas da B3 na última sexta-feira (7) e agora são negociadas por BDRs (código JBSS32). Segundo analistas, a saída representa a perda de R$ 421,3 milhões por dia em liquidez — 2,19% do volume médio da B3 em 2025 — e ocorre em um momento de recuperação tímida da bolsa. Com a saída da JBS, Marfrig (MRFG3) e BRF (BRFS3) figuraram entre as maiores altas do dia, com ganhos de 2,57% e 2,34%, respectivamente.
O destaque positivo foi da Gerdau (GGBR4), que saltou 6,41% após o UBS BB elevar sua recomendação para “compra”. A expectativa de tarifas mais altas sobre o aço nos EUA pode impulsionar preços e margens da empresa, que gera mais da metade de seu Ebitda na América do Norte. Com tarifas de importação podendo subir até 50%, a companhia está bem posicionada para capturar ganhos.
A Petrobras (PETR4) recuou 1,55%, pressionada pela revisão da recomendação do Santander, que rebaixou a ação de “outperform” para “neutra”. O banco apontou um cenário financeiro desafiador para a companhia em 2025 e 2026. A queda, no entanto, foi parcialmente contida pela valorização do petróleo no mercado internacional, impulsionada pelas negociações comerciais entre Estados Unidos e China.
Cenário internacional
No exterior, os mercados monitoram o encontro entre autoridades dos EUA e da China em Londres, com foco na redução das tensões comerciais. Enquanto isso, os investidores aguardam a divulgação do índice de inflação ao consumidor dos EUA na quarta-feira (12).
Segundo pesquisa do Federal Reserve de Nova York, as expectativas inflacionárias dos americanos caíram em maio. A inflação esperada para o próximo ano recuou de 3,6% para 3,2%, com otimismo também em relação às finanças pessoais.
Nos bastidores políticos dos EUA, o presidente Donald Trump pressiona o Congresso a aprovar sua proposta de cortes de impostos, apesar das críticas de especialistas. Ainda assim, o governo negocia a flexibilização de restrições à exportação de tecnologia para a China, em uma tentativa de conter os impactos das barreiras comerciais nas indústrias americanas.
As listas das maiores altas e baixas da carteira do Ibovespa ficaram assim:
Altas
• Gerdau (GGBR4): +6,41%
• Gerdau Metalúrgica (GOAU4): +5,21%
• Embraer (EMBR3): +4,64%
• Marfrig (MRFG3): +2,57%
• BRF (BRFS3): +2,34%
Baixas
• B3 (B3SA3): -3,02%
• RaiaDrogasil (RADL3): -2,90%
• SLC Agrícola (SLCE3): -2,70%
• Brava Energia (BRAV3): -2,55%
• Vamos (VAMO3): -2,43%
EUA
Os principais índices de Nova York encerraram o dia sem direção única:
• Dow Jones: 0,00%
• Nasdaq: +0,31%
• S&P 500: +0,09%
Para acompanhar mais notícias do mercado financeiro, baixe ou acesse o TradeMap.