O Ibovespa renovou seu recorde histórico nesta quarta-feira (17), encerrando o pregão em alta de 1,06%, aos 145.594 pontos, após atingir pela primeira vez a marca de 146 mil pontos durante o pregão. O movimento refletiu principalmente a decisão do Federal Reserve (Fed) de reduzir a taxa básica de juros dos Estados Unidos em 0,25 ponto percentual, para o intervalo entre 4,00% e 4,25% ao ano. Foi o primeiro corte em nove meses e também o primeiro de 2025, em linha com as expectativas do mercado.
A decisão ocorre em meio a sinais de enfraquecimento da atividade econômica americana. A criação de empregos perdeu ritmo ao longo do primeiro semestre, a taxa de desemprego subiu levemente para 4,3% e a inflação voltou a acelerar, permanecendo acima da meta de 2,00% ao ano. O comunicado do Fed ressaltou que os riscos para o mercado de trabalho aumentaram, mas que a prioridade continua sendo a busca pelo equilíbrio entre pleno emprego e estabilidade de preços. O placar foi de 11 votos a 1, com o recém-nomeado Stephen Miran defendendo um corte maior, de 0,5 ponto.
A atenção dos investidores, no entanto, se voltou ao chamado “dot plot”, relatório trimestral que reúne as projeções de juros de cada dirigente do Fed. Em setembro, a mediana das previsões para o fim de 2025 caiu de 3,9% para 3,60%, indicando a expectativa de mais dois cortes até dezembro. Para 2027, a taxa deve convergir para 3,00%, considerada o nível neutro de longo prazo. Esse sinal de afrouxamento monetário sustentou o otimismo nos mercados emergentes, impulsionando ações e reduzindo os rendimentos dos títulos de longo prazo.
Na coletiva de imprensa, o presidente do Fed, Jerome Powell, afirmou que o movimento é uma forma de “gestão de riscos”, diante do dilema entre inflação resiliente e desaceleração do mercado de trabalho. Powell destacou ainda que a pressão das tarifas comerciais tende a elevar preços, mas reconheceu que o emprego já dá sinais de fadiga. A leitura dos investidores é de que o Fed abriu espaço para cortes adicionais em 2025 e 2026, reforçando o apetite por ativos de risco.
Esse ambiente beneficiou diretamente a bolsa brasileira, enquanto o dólar Ptax fechou praticamente estável, a R$ 5,3011. Empresas ligadas ao consumo interno e sensíveis à queda da curva de juros foram destaque. As ações da Magazine Luiza (MGLU3) avançaram 5,31%, acompanhadas por Raia Drogasil (RADL3; +6,06%) e Assaí (ASAI3; +4,55%).
Por outro lado, algumas companhias sofreram ajustes. A C&A (CEAB3) devolveu parte dos ganhos recentes caindo 2,44%, enquanto o Pão de Açúcar (PCAR3) recuou 2,17% em meio às discussões sobre uma possível capitalização privada de R$ 500 milhões. No setor de proteína animal, a Marfrig (MRFG3) recuou 2,18% às vésperas da conclusão de sua fusão com a BRF. Já a Vale (VALE3) teve leve alta de 0,17%, após a agência S&P elevar seu rating de “BBB-” para “BBB”, citando melhorias de governança e redução de riscos.
No campo político e monetário, a expectativa se volta agora para a decisão do Copom, marcada para a noite desta quarta-feira. A Selic deve ser mantida em 15,00% ao ano, em linha com o compromisso do Banco Central de manter uma política monetária contracionista por período prolongado. Embora os dados recentes mostrem melhora da inflação e valorização do real, as expectativas continuam desancoradas, o que limita a possibilidade de cortes no curto prazo. A maioria dos economistas projeta início da flexibilização apenas em 2026, com ritmo gradual ao longo do ano.
As listas das maiores altas e baixas da carteira do Ibovespa ficaram assim:
Altas
• RaiaDrogasil (RADL3): +6,06%
• Magalu (MGLU3): +5,31%
• Assaí (ASAI3): +4,55%
• Cosan (CSAN3): +3,49%
• Bradesco (BBDC4): +3,47%
Baixas
• C&A Modas (CEAB3): -2,44%
• Marfrig (MRFG3): -2,18%
• Pão de Açúcar (PCAR3): -2,17%
• Braskem (BRKM5): -1,33%
• Minerva (BEEF3): -1,22%
EUA
Os principais índices de Nova York encerraram o dia sem direção única:
• Dow Jones: +0,57%
• Nasdaq: -0,33%
• S&P 500: -0,10%
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