Ibovespa recua influenciado por instabilidade na Argentina

Fonte: Shutterstock/KanawatTH

O Ibovespa encerrou a segunda-feira (8) em queda de 0,59%, aos 141.792 pontos, pressionado pelo aumento da percepção de risco na Argentina. A derrota do presidente Javier Milei nas eleições legislativas da província de Buenos Aires abalou a confiança no seu plano econômico. A Bolsa argentina caiu mais de 13%, os títulos soberanos recuaram até 6% e o peso renovou mínimas históricas, em meio a incertezas sobre financiamento externo e manutenção das reformas.

O resultado expressivo do peronismo fortaleceu a oposição e foi visto como um “alerta estridente” para Milei, que enfrenta dificuldades políticas e escândalos que fragilizam seu governo. Analistas projetam mais intervenção no câmbio e juros altos até as eleições nacionais de outubro, sinalizando um período turbulento.

Enquanto isso, no cenário internacional, o presidente Lula discursou em reunião virtual do BRICS, criticando práticas comerciais unilaterais lideradas pelos EUA, que chamou de “chantagem tarifária”. Defendeu maior integração financeira e reforço ao multilateralismo, citando ainda o peso do bloco (responsável por 40% do PIB global) como força para refundar o sistema de comércio internacional. Também cobrou medidas urgentes contra a escalada do conflito em Gaza e apresentou propostas ambientais para a COP30, em Belém.

No Brasil, investidores mantiveram cautela diante do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no STF, que pode gerar tensões diplomáticas com os EUA. O avanço dos juros futuros pressionou empresas mais sensíveis ao crédito, levando a quedas expressivas em CVC (CVCB3; -4,51%), Magazine Luiza (MGLU3; -3,88%) e Assaí (ASAI3; -3,71%), entre as maiores baixas do Ibovespa.

Do lado positivo, Raízen (RAIZ4) avançou 5,47% após rumores de que André Esteves, do BTG Pactual, estaria interessado em investir na companhia, fortalecendo expectativas de reestruturação societária. A controladora Cosan (CSAN3) subiu 2,33%, apoiada pelas mesmas especulações de capitalização.

Braskem (BRKM5) ganhou 2,23% depois de anunciar que sua subsidiária mexicana Braskem Idesa contratou o banco Lazard para revisar a estrutura de capital e buscar alternativas de liquidez, em meio ao elevado endividamento.

Entre as quedas, BRF (BRFS3; -4,35%) e Marfrig (MRFG3; -3,48%) recuaram ainda repercutindo a aprovação final do Cade para a fusão das companhias, movimento que, apesar de destravar sinergias relevantes, já estava amplamente precificado pelo mercado.

Fora do índice, o maior destaque foi a disparada da Azul (AZUL4; +31,30%), em meio a um provável short squeeze, intensificado pelo recuo do petróleo e do dólar, que reduzem custos de combustível. A Gol (GOLL54; +17,16%) acompanhou o movimento, também apoiada pelas expectativas sobre o acordo de compartilhamento de voos (codeshare) entre as duas aéreas, em análise pelo Cade.


As listas das maiores altas e baixas da carteira do Ibovespa ficaram assim:


Altas

• Raízen (RAIZ4): +5,47%

• Pão de Açúcar (PCAR3): +2,56%

• Cosan (CSAN3): +2,33%

• Braskem (BRKM5): +2,23%

• Usiminas (USIM5): +1,77%


Baixas

• CVC (CVCB3): -4,51%

• BRF (BRFS3): -4,35%

• Magalu (MGLU3): -3,88%

• Assaí (ASAI3): -3,71%

• Vamos (VAMO3): -3,56%


EUA

Os principais índices de Nova York encerraram o dia em alta:

• Dow Jones: +0,25%

• Nasdaq: +0,45%

• S&P 500: +0,21%


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