Ibovespa fecha o dia em queda pontual, mas acumula alta no mês com cenário de cautela

Shutterstock/Zakharchuk

O Ibovespa encerrou a sexta-feira (30) com queda de 1,09%, aos 137.027 pontos, refletindo um clima de cautela entre os investidores. Apesar de um mês positivo — com alta acumulada de 1,45% e o índice superando os 140 mil pontos pela primeira vez na história — o último pregão foi marcado por um movimento de aversão ao risco.

Entre os principais fatores que influenciaram o mercado estão a divulgação do PIB brasileiro do 1º trimestre e o índice PCE dos EUA, além das persistentes incertezas fiscais internas e tensões comerciais globais. O crescimento de 1,4% do PIB nacional, em linha com as expectativas, teve como destaque o setor agropecuário, que avançou 10,2%. No entanto, o resultado foi ofuscado pelas preocupações com a sustentabilidade fiscal, agravadas pela expectativa de bloqueio de R$ 31,3 bilhões no Orçamento de 2025 para cumprimento da meta de déficit primário zero.

Analistas alertam que a demanda aquecida no início do ano pode dificultar o controle da inflação e adiar cortes na Selic, atualmente em seu maior nível em duas décadas. A expectativa é de que a atividade econômica desacelere ao longo do ano, mas o forte consumo e mercado de trabalho aquecido adicionam incertezas ao cenário de política monetária.

No exterior, o PCE dos EUA subiu 0,1% em abril, em linha com as projeções, mantendo o Federal Reserve em posição de cautela quanto a futuros cortes de juros. A queda de 0,2% no PIB americano e o aumento das tensões comerciais com a China, incluindo novas sanções do governo Trump ao setor tecnológico chinês, também pressionaram o mercado.

Entre os destaques positivos do pregão, a Vamos (VAMO3) liderou os ganhos do dia com alta de 4,63%, mesmo sem notícias corporativas relevantes. O desempenho refletiu o otimismo com a perspectiva de uma safra recorde de grãos no país, o que tende a beneficiar a demanda pelos serviços da companhia, especialmente no setor de transporte e logística agrícola. O avanço do PIB brasileiro no primeiro trimestre, impulsionado pelo agronegócio — com destaque para milho e soja — também reforçou essa expectativa. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a safra 2024/25 pode atingir 332,9 milhões de toneladas, um aumento de 35,4 milhões em relação ao ciclo anterior, estabelecendo um novo recorde histórico.

Já a Azzas 2154 (AZZA3) subiu 3,71% no dia e encerrou maio como a ação com melhor desempenho no mês, acumulando valorização de 38,66%. A alta foi impulsionada pelos resultados sólidos do primeiro trimestre, que superaram as projeções do mercado. De acordo com analistas, o controle de custos mais eficiente e os ganhos operacionais consistentes contribuíram para restaurar a confiança dos investidores na trajetória de rentabilidade da companhia.

Na outra ponta, as ações da Braskem (BRKM5) caíram 5,90% no dia e 0,72% na semana, após o mercado revisar expectativas em torno de uma possível aquisição da companhia por Nelson Tanure. A euforia inicial deu lugar à cautela diante de dúvidas sobre a aplicação do tag along — mecanismo que garante aos minoritários o mesmo tratamento dado ao controlador em caso de venda da empresa — o que esfriou o otimismo dos investidores.

No setor aéreo, a Gol (GOLL4) teve um forte avanço de 13,08% após a aprovação do aumento de capital em assembleia. A medida é vista como essencial para a finalização do processo de recuperação judicial (Chapter 11) nos Estados Unidos, previsto para ser concluído no início de junho. O aumento de capital, que poderá atingir até R$ 19,2 bilhões, será realizado por meio da capitalização de créditos contra a companhia.

Já a Azul (AZUL4) registrou queda de 6,25% no dia e acumula perda de 13,46% na semana, em meio ao anúncio de seu processo de recuperação judicial nos EUA. Apesar disso, a companhia conseguiu a aprovação emergencial de US$ 250 milhões em financiamento do tipo DIP (Debtor-in-Possession), com potencial total de até US$ 1,6 bilhão. A empresa estima encerrar o processo até o fim de 2025.


As listas das maiores altas e baixas da carteira do Ibovespa ficaram assim:


Altas

• Vamos (VAMO3): +4,63%

• Azzas (AZZA3): +3,71%

• Yduqs (YDUQ3): +3,26%

• Cogna (COGN3): +2,77%

• Telefônica Brasil (VIVT3): +2,14%


Baixas

• Azul (AZUL4): -6,25%

• Braskem (BRKM5): -5,90%

• Gerdau Metalúrgica (GOAU4): -4,35%

• Klabin (KLBN11): -4,29%

• CSN (CSNA3): -3,85%


EUA

Os principais índices de Nova York encerraram o dia sem direção única:

• Dow Jones: +0,13%

• Nasdaq: -0,32%

• S&P 500: -0,01%

 

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