O Ibovespa encerrou a quarta-feira (10) em alta de 0,52%, aos 142.349 pontos, retomando a aproximação de sua máxima histórica. O desempenho foi sustentado principalmente por Petrobras (PETR4), Vale (VALE3) e Banco do Brasil (BBAS3), em um pregão marcado pela divulgação do IPCA de agosto no Brasil, pelo recuo do índice de preços ao produtor (PPI) nos Estados Unidos e pela continuidade do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF).
O principal dado macroeconômico da sessão foi a divulgação do IPCA, que registrou deflação de 0,11% em agosto, após alta de 0,26% em julho. A leitura mostrou arrefecimento de preços em itens como energia elétrica, combustíveis e alimentos, mas ainda não trouxe sinais consistentes de alívio estrutural da inflação. Nos últimos 12 meses, o índice acumulou 5,13%, abaixo dos 5,23% de julho, mas ainda acima do teto da meta de 4,5% estabelecida pelo Banco Central.
Economistas destacaram que os núcleos da inflação e o setor de serviços permanecem pressionados, sustentados por um mercado de trabalho aquecido e salários em alta. Esse cenário tende a reforçar a postura mais conservadora do Banco Central, que pode adiar cortes de juros para 2026. Apesar disso, a deflação abriu espaço para otimismo no mercado de ações, especialmente em setores mais sensíveis aos juros. As varejistas C&A (CEAB3) e Magazine Luiza (MGLU3) figuraram entre as maiores altas do dia, com ganhos de 4,80% e 3,70%, respectivamente.
No campo político, o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e de outros réus acusados de tentativa de golpe em 2023 seguiu no radar dos investidores. O ministro Luiz Fux divergiu do relator Alexandre de Moraes e argumentou pela incompetência do STF para julgar o caso, pedindo a anulação do processo. A leitura foi vista como favorável por parte do mercado, ao reduzir momentaneamente tensões políticas com os Estados Unidos, mas analistas consideram improvável que a divergência mude o resultado final do julgamento.
No cenário internacional, o destaque foi a divulgação do PPI dos Estados Unidos, que recuou 0,1% em agosto, contrariando a expectativa de alta de 0,3%. O resultado reforçou as apostas em cortes de juros pelo Federal Reserve ainda neste ano. Com juros mais baixos no exterior, ativos de países emergentes como o Brasil tendem a ganhar atratividade, favorecendo o fluxo de capital estrangeiro para a B3.
Entre os destaques corporativos, o Banco do Brasil (BBAS3) subiu 3,04% após o governo anunciar uma medida provisória que libera R$ 12 bilhões para renegociação de dívidas do agronegócio. A iniciativa reduz riscos na carteira de crédito rural do banco, que vinha sofrendo com alta inadimplência, e trouxe alívio para as perspectivas futuras da instituição. Já a Vale (VALE3) avançou 0,69% após revisar para baixo seu plano de investimentos de 2025, cortando o capex previsto de US$ 5,9 bilhões para um intervalo entre US$ 5,4 e US$ 5,7 bilhões. O ajuste foi bem recebido pelo mercado por sinalizar maior disciplina de capital.
A Petrobras (PETR4) também figurou entre os destaques positivos, com alta de 1,81%. Investidores reagiram às expectativas em torno do plano estratégico 2026-2030, que deve incluir cortes de custos de até US$ 8 bilhões, foco maior em exploração e produção de petróleo e adiamento de investimentos em renováveis para além de 2035. O movimento é visto como essencial para aumentar a eficiência operacional da estatal e reduzir parte do desconto em relação a seus pares internacionais.
As listas das maiores altas e baixas da carteira do Ibovespa ficaram assim:
Altas
• C&A Modas (CEAB3): +4,80%
• Marfrig (MRFG3): +4,17%
• Magalu (MGLU3): +3,70%
• Banco do Brasil (BBAS3): +3,04%
• BRF (BRFS3): +2,79%
Baixas
• MRV (MRVE3): -4,83%
• Braskem (BRKM5): -3,69%
• Suzano (SUZB3): -2,14%
• Klabin (KLBN11): -1,81%
• Embraer (EMBR3): -1,60%
EUA
Os principais índices de Nova York encerraram o dia sem direção única:
• Dow Jones: -0,48%
• Nasdaq: +0,03%
• S&P 500: +0,30%
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