O Ibovespa fechou esta terça-feira (24) em alta de 0,45%, aos 137.165 pontos, impulsionado pelo cessar-fogo entre Irã e Israel, anunciado pelo presidente dos EUA, Donald Trump. A trégua reduziu o risco geopolítico global e derrubou o preço do petróleo, aliviando parte da pressão sobre os mercados.
Apesar do alívio externo, o cenário monetário continua restritivo. O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, reiterou em audiência no Congresso americano que o banco central não tem pressa para cortar os juros. Ele destacou a incerteza quanto aos efeitos das tarifas impostas por Trump e projetou que os impactos inflacionários devem começar a aparecer nos dados de junho e julho. Powell também rejeitou apontar uma data para o início do ciclo de cortes e reforçou que a política seguirá cautelosa enquanto houver riscos à estabilidade dos preços.
No Brasil, a ata do Copom reforçou o discurso firme do Banco Central. O documento repetiu cinco vezes que a taxa Selic — elevada para 15% ao ano na última reunião — será mantida em patamar elevado por um “período prolongado”. Segundo analistas, os primeiros cortes só devem ocorrer a partir de 2026. Mesmo com a interrupção do ciclo de alta, o BC aguarda os efeitos da política atual sobre a economia antes de ajustar a estratégia.
Com a descompressão no Oriente Médio, o petróleo voltou a patamares anteriores ao conflito, reduzindo os prêmios de risco ligados ao Estreito de Ormuz. O mercado também reagiu à sinalização de que a Petrobras poderá anunciar uma parceria no setor de etanol no segundo semestre. A estatal busca entrar no segmento com relevância, mas sem controle majoritário. O objetivo é diversificar frente à tendência global de descarbonização e baixa demanda por combustíveis fósseis. Mesmo assim, as ações da companhia (PETR4) recuaram 1,97% no dia, acompanhando a correção nos preços da commodity.
O governo central acumulou superávit primário de quase R$ 20 bilhões nos 12 meses até maio, impulsionado pelo bom desempenho da arrecadação no início do ano. Segundo o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, o resultado reflete uma política fiscal contracionista. Mesmo assim, ele reconheceu que há desafios pela frente e descartou, por ora, um eventual descontingenciamento orçamentário.
Ceron também lembrou que parte do resultado no semestre foi favorecida pelo adiamento de pagamentos de precatórios, que devem ser regularizados a partir de julho — com impacto estimado em R$ 70 bilhões, dos quais R$ 44 bilhões fora da meta fiscal.
Entre os destaques do pregão desta terça-feira (24), a Vamos (VAMO3) liderou os ganhos do dia, com alta de 7,23%, impulsionada pelo alívio na curva de juros futuros. A expectativa de que o ciclo de alta da Selic esteja chegando ao fim favoreceu ações cíclicas, que tendem a se beneficiar de um ambiente de crédito mais barato.
A CVC (CVCB3) também teve desempenho expressivo, subindo 4,80%, em meio à perspectiva de retomada gradual no setor de turismo e ao apetite maior dos investidores por papéis mais sensíveis à economia doméstica.
No lado oposto, o setor de petróleo foi duramente penalizado pela queda acentuada nos preços da commodity. As ações da Brava (BRAV3) recuaram 6,90%, enquanto PetroRecôncavo (RECV3) e Prio (PRIO3) caíram 4,67% e 3,91%, respectivamente. A correção nos preços do barril, após o anúncio do cessar-fogo entre Irã e Israel, reduziu os prêmios de risco e pesou sobre o desempenho das petroleiras listadas na B3.
Já a São Martinho (SMTO3) também figurou entre as baixas do dia, com queda de 2,47%, após divulgar resultados trimestrais que, embora em linha com as expectativas do mercado, mostraram forte retração. O lucro líquido da companhia caiu 83,3% no quarto trimestre da safra 2024/25, somando R$ 105 milhões. A receita líquida também encolheu 28,2% no período, totalizando R$ 1,738 bilhão.
As listas das maiores altas e baixas da carteira do Ibovespa ficaram assim:
Altas
• Vamos (VAMO3): +7,23%
• Engie (EGIE3): +5,19%
• CVC (CVCB3): +4,80%
• Azzas (AZZA3): +4,50%
• Multiplan (MULT3): +3,83%
Baixas
• Brava Energia (BRAV3): -6,90%
• PetroRecôncavo (RECV3): -4,67%
• BRF (BRFS3): -4,64%
• Prio (PRIO3): -3,91%
• Usiminas (USIM5): -3,45%
EUA
Os principais índices de Nova York encerraram o dia em alta:
• Dow Jones: +1,19%
• Nasdaq: +1,43%
• S&P 500: +1,11%
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