Entrada de R$ 9 bilhões na B3 marca reviravolta no fluxo estrangeiro

O ano de 2024 foi marcado por incertezas fiscais no Brasil e pela política monetária dos Estados Unidos, o que levou a uma redução no apetite dos investidores estrangeiros pela bolsa brasileira. Essa tendência de cautela seguiu até o início de 2025, mas foi interrompida entre os dias 16 e 17 de janeiro, quando os investidores estrangeiros trouxeram mais de R$ 9 bilhões para a B3, com entradas de R$ 6,5 bilhões e R$ 2,9 bilhões, respectivamente.

Esse movimento de recuperação foi suficiente para reverter o fluxo negativo acumulado até a metade de janeiro, quando as saídas de capital haviam ultrapassado os R$ 5 bilhões. Com isso, o saldo do fluxo de investidores estrangeiros se tornou positivo, acumulando R$ 3,1 bilhões até o dia 23 de janeiro.

O retorno do interesse dos investidores estrangeiros está ligado à Cosan (CSAN3), que vendeu sua participação de 4,05% na Vale (VALE3) – o que equivale a mais de 173 milhões de ações – por cerca de R$ 9 bilhões. Essa transação gerou uma significativa injeção de capital na bolsa. No entanto, embora o saldo tenha se tornado positivo, o aumento momentâneo das entradas não sinaliza uma mudança estrutural no comportamento dos investidores, que permanecem cautelosos. Um reflexo dessa cautela foi a volatilidade observada no mesmo dia (16) da transação. O Ibovespa, principal índice da B3, fechou em queda de 1,16%, aos 121.234 pontos.

A instabilidade fiscal no Brasil e a política monetária dos Estados Unidos continuam a ser fatores determinantes nas decisões dos investidores. A desaceleração no ritmo de queda das taxas de juros nos EUA tem levado os investidores a buscar mercados mais estáveis ou com melhores perspectivas de retorno. Ao mesmo tempo, a incerteza econômica interna do Brasil segue gerando volatilidade, o que dificulta a recuperação da confiança dos investidores estrangeiros.

O fluxo de capital estrangeiro em janeiro reflete um cenário ainda marcado por incertezas. Apesar da recente entrada de recursos, a tendência para os próximos meses continua incerta.

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