BB Investimentos corta em 21% preço-alvo para Vale (VALE3), mas mantém recomendação de compra; entenda

Em meio ao evento anual da Vale, o Vale Day, a equipe do BB Investimentos cortou em 20,8% o preço-alvo para a ação ordinária (VALE3) da companhia para dezembro de 2022, de R$ 125 para R$ 99.

Apesar da redução, o novo preço representa um potencial de valorização de 41% em relação ao fechamento de quarta-feira, dia 1º, de R$ 70,23.

O BB também rebaixou o preço-alvo para os ADRs (American Depositary Receipts, recibos de ações de empresas estrangeiras negociados nos EUA) da mineradora em 25%, de US$ 24 para US$ 18 por ação.

Mesmo com as mudanças, o banco de investimento manteve a recomendação de compra para os papéis – tanto para a ação negociada na bolsa brasileira como no mercado americano.

Os papéis da companhia (VALE3) subiam 3,20%, a R$ 72,48, por volta das 15h45, em dia marcado por otimismo com aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos precatórios no Senado. Os ADRs, por sua vez, registravam ganhos de 5,02%, a US$ 12,86, no mesmo horário. Acompanhe a cotação em tempo real pelo TradeMap.

Em relatório, a analista Mary Silva destaca que a revisão ocorreu em meio à expectativa de desaceleração da atividade industrial global, sobretudo na China e nos EUA, afetando a demanda de minério de ferro e a respectiva queda do preço da commodity.

Em contrapartida, o BB aponta alguns avanços apresentados pela Vale relacionados às questões ESG (sigla em inglês para as melhores práticas ambientais, sociais e de governança), como a preocupação com os aspectos de segurança ambiental, embora a empresa ainda esteja “perseguindo o fechamento de diversas lacunas”.

Outro ponto ressaltado pelo banco de investimentos trata da alta rentabilidade e da geração de caixa da mineradora, o que proporciona maiores retornos diante do pagamento consistente de dividendos e programas de recompra.

Confira a seguir as estimativas e os destaques elencados pela equipe do BB para a Vale.

Fontes: Vale e BB Investimentos

De olho no futuro

Nesta semana, a Vale divulgou seu novo guidance de produção para 2022 de 320 a 335 milhões de toneladas de minério de ferro e de 34 a 38 milhões de toneladas de pelotas.

Na visão da equipe do BB, apesar da revisão de guidances para números menos favoráveis, a empresa segue mostrando que, além da busca pela retomada da liderança global em volumes, possui diversas estratégias para
fortalecer sua posição de liderança no mercado de minério de ferro de baixo carbono e para aumentar sua competitividade no segmento.

Isso reforça a confiança do BB de que a empresa permanecerá rentável no longo prazo, “mesmo com cenário de preços de minério de ferro em patamares inferiores ao atual”.

Durante a apresentação no Vale Day, a equipe do banco destacou o detalhamento pela mineradora de suas estratégias para maximizar o flight-to-quality no minério de ferro.

Além de aumentar a segurança das operações, os métodos possibilitam a obtenção de produtos com até 68% de teor de ferro, contribuindo para a estratégia de ampliar a presença de produtos de alta qualidade no mix (de 83% em 2021 para 90% no futuro), e a reciclagem de rejeitos, que reduzem a área necessária para sua disposição e podem ser utilizados como matéria-prima junto com outros materiais como cimento e concreto.

A companhia reafirmou que pretende seguir a estratégia value over volume (foco em vendas de produtos de maior qualidade em detrimento de volumes) em 2022, e estima que o teor de ferro médio aumentará de 62,9% em 2021 para 65,5% em 2022.

“De forma geral, a Vale passou uma mensagem positiva no evento, mostrando que continua perseguindo as estratégias de de-risking, re-shaping e re-rating (melhorias em diversas frentes da companhia)”, destaca a analista.