Decisões do COPOM: Impactos e Implicações na Economia Brasileira

Shutterstock/Fernanda Kairys

Na última reunião do COPOM tivemos mais um corte de juros, agora de 25 bps. No entanto a divergência de ideia entre os membros começou a se tornar mais evidente e com isto o mercado vem projetando um banco central com decisões mais voltadas a favor dos interesses da política.

Pontos de Decisão

Quando pensamos no que o COPOM considera na hora de tomar a decisão de quanto cortar de juros, temos que levar em conta a inflação, as contas públicas, o cenário externo e a atividade econômica. Com a formação que tínhamos, mesmo tendo tomado decisões consideradas exageradas, sempre foram considerados muito técnicos. No entanto, com a composição que teremos no final do ano de 2024, o mercado teme que deixem a parte técnica de lado e comecem a votar de uma forma que ajude os interesses do governo, sem pensar de forma técnica como deveria.

Divergência na Votação

Na última votação, tivemos 5 votos para o corte de 25 bps e 4 votos para um corte de 50 bps. Os 4 votos para o corte de 50 bps foram de membros indicados pelo governo atual. Dos que votaram por 25 bps, temos Roberto Oliveira Campos Neto e Diogo Ary Guillen, que são considerados os membros mais técnicos deste comitê e que permanecem somente até o final deste ano.

Curva de Juros

Com base na precificação dos DIs, tivemos um estresse após esta divergência entre votos. Está sendo precificado mais um corte de 25 bps e, em dezembro, uma alta de 25 bps. No entanto, esta última alta pode ser mais por conta do estresse momentâneo do mercado por esta divisão de opiniões do que a real precificação do que teremos. Se desconsiderarmos esta última alta, fecharemos o ano com uma taxa de juros de 10,25% a.a.

Outro ponto relevante a se considerar é a diferença do juros terminal para 2024 precificado pelos DIs desta última reunião e da reunião anterior. Na reunião anterior, era precificado um juros terminal de 9,75% a.a. e, agora, estamos trabalhando com um provável juros terminal de 10,25% a.a..

Leilões de Títulos Públicos

Nos leilões de títulos públicos também foi possível observar uma piora devido esta divisão. Ao olharmos para as NTN-F, percebemos que o leilão de janeiro de 2031 não teve nenhum negócio. Já em janeiro de 2035, tivemos o menor volume do ano e uma das maiores taxa do ano, mostrando um grande desinteresse nos nossos papéis longos. Ao analisarmos o leilão de LTN, também notamos um desinteresse, onde os títulos de abril de 2026, janeiro de 2028 e janeiro de 2030 tiveram a maior taxa do ano e também o menor volume

Fontes: Anbima e Tesouro Direto

Fontes: TradeMap, Anbima e Tesouro Direto

Ata do COPOM

A ata divulgada nesta terça-feira (14) revelou que o principal ponto de divergência entre os diretores foi o impacto sobre a credibilidade do Banco Central de não cumprir os comunicados anteriores, que sinalizavam um corte de 0,5 ponto. Os diretores que apoiaram o corte menor argumentaram que as condições econômicas mudaram desde a reunião anterior, em março, justificando um ajuste mais cauteloso.

Apesar das diferenças, houve consenso entre os diretores sobre a necessidade de manter uma política monetária contracionista, visando controlar as expectativas de inflação em um cenário internacional adverso.

Futuro do COPOM

Outro ponto que vem sendo solicitado pelo mercado é que seja sinalizado o mais breve possível quem será o próximo presidente do Banco Central. Se realmente for o Gabriel Galipolo, espera-se que ele comece a dar mais entrevistas e mostre mais seus pontos de vista antes de realmente assumir.

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