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Qual segmento de incorporadoras se sairá melhor no segundo semestre?
Chiara Quintão Colunista TradeMap

Chiara Quintão

Responsável pela área de conteúdo da startup UBlink. Jornalista, formada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), se especializou na cobertura do mercado imobiliário. Ao longo dos mais de 20 anos de carreira, passou pelas redações da Gazeta Mercantil, da Agência Estado e do Valor Econômico.

O economista também possui especialização em macroeconomia e estatística. Foi subsecretário de comércio e serviço do Ministério da Economia entre 2019/2020. Sócio Consultor da Scopus Consultoria, Análise e Pesquisa.

Qual segmento de incorporadoras se sairá melhor no segundo semestre?

Fachada de duas torres de prédios residenciais com sacadas em tons crus.

Foto: Shutterstock

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Incorporadoras com atuação principal nos segmentos de médio e alto padrão e empresas com foco na baixa renda devem ter desempenhos opostos, nesta segunda metade do ano, em relação ao que ocorreu no primeiro semestre. Se até junho, o cenário foi mais favorável para lançamentos e vendas de imóveis direcionados para as rendas média e alta, as condições atuais beneficiam, principalmente, os participantes do programa Casa Verde e Amarela.

O Secovi-SP projeta lançamentos e vendas de imóveis residenciais em linha com os de 2021 na capital paulista – o maior mercado do país. No ano passado, o total de unidades residenciais lançadas somou 81.841, em São Paulo, enquanto as moradias vendidas chegaram a 66.092. Nos 12 meses encerrados em julho, o volume apresentado chegou a 84.247 unidades e o vendido, a 69.647 unidades.

Para o país, a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) projeta volumes lançados e comercializados, neste ano, próximos aos de 2021, com possibilidade de pequena variação para cima ou para baixo. Levantamento da CBIC realizado em 197 municípios indica que foram apresentadas 309.022 unidades e vendidas 295.724 unidades no ano passado.

Novas regras

Na faixa de renda atendida pelo programa habitacional Casa Verde e Amarela, a aquisição de imóveis depende menos da conjuntura macroeconômica e política do país do que das regras em vigor do Casa Verde e Amarela em relação a subsídios, teto de preços das faixas do programa, renda familiar máxima e prazos de financiamento.

Entre as mudanças recentes está o aumento do limite de prazo de crédito de imóveis do programa pela Caixa Econômica Federal de 30 para até 35 anos desde 1º de setembro. No mesmo dia, a vice-presidente de Habitação do banco público, Henriete Bernabé, divulgou que a contratação de financiamento pelo Casa Verde e Amarela aumentou 40% em agosto ante julho.

O governo anunciou o uso do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) como garantia em financiamentos do Casa Verde e Amarela. Na prática, os recursos a serem direcionados do salário do trabalhador para o fundo – que estão sendo chamados de “FGTS futuro” – irão compor a capacidade de pagamento do comprador de um imóvel do programa. A medida já está em vigor, mas os bancos têm 120 dias para se adaptar à mudança, ou seja, os mutuários só poderão ser beneficiados a partir do próximo ano. A renda mensal familiar máxima para o uso do “FGTS futuro” é de R$ 4,4 mil.

As mudanças no Casa Verde e Amarela são, na avaliação do Bradesco BBI, a chave para melhorar as condições para o segmento de baixa renda e reforçar as expectativas de recuperação de margens no longo prazo. Várias incorporadoras de capital aberto, destaca o Bradesco BBI, em relatório, têm divulgado incremento de rentabilidade nas novas vendas, situação que deve prosseguir nos próximos resultados.

A inclusão potencial de mais famílias no programa habitacional estimula incorporadoras a elevarem seus lançamentos para a baixa renda. A isso se soma a menor pressão de custos das matérias-primas em decorrência da queda de valor das commodities no mercado internacional, o que tende a se refletir em melhora das margens.

Queda de despesas

Em agosto, as despesas das construtoras com materiais tiveram leve queda de 0,15% no Estado de São Paulo, conforme levantamento do Custo Unitário Básico (CUB) da construção, realizado pelo Sinduscon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo). A pesquisa aponta alta de 7,45% no acumulado do ano e elevação de 9,9% em 12 meses nos gastos com insumos.

A participação de materiais na composição do CUB de agosto foi de 42,25%, o item mão de obra respondeu por 55,01%, enquanto as despesas administrativas corresponderam a 2,74%.

Eleições: sinal de atenção?

Para incorporadoras com foco nas rendas média e alta, o período eleitoral é um ponto de atenção para a tomada de decisão de lançamentos, considerando-se que os potenciais consumidores de seus produtos são muito afetados pelas incertezas políticas e em relação a quando juros e inflação voltarão a cair.

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A retração de lançamentos já se reflete em forte queda do fechamento de negócios de compra de terrenos. Para 2023, destaca Pedro Serpa, do S2GDC Advogados, escritório especializado em negócios imobiliários, a expectativa é de um ano melhor, com a retomada da queda da taxa básica de juros, a Selic, no primeiro semestre.

Diante das condições atuais, porém, agora é hora de o setor acelerar os lançamentos do Casa Verde e Amarela e de reduzir os projetos apresentados para as faixas média e alta.

Já a produção para o público de altíssima renda segue com a menor fatia em volume de lançamentos, mas mais independente do ambiente político e econômico. Os consumidores de imóveis de luxo utilizam, muitas vezes, recursos de seu patrimônio e não de financiamento no processo de aquisição. Dependem, assim, menos das condições de crédito e dos indicadores de emprego e renda para tomar a decisão de comprar uma casa ou um apartamento.

Financiamento habitacional

Dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) apontam que, de janeiro a julho, o financiamento habitacional caiu 14,3%, na comparação anual, para 427,9 mil unidades. A queda do valor financiado foi de 10,6%, para R$ 103,5 bilhões.

Os números da entidade se referem, principalmente, às concessões de recursos para as rendas média e alta, pois o programa habitacional – direcionado à baixa renda – é financiado pelo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).

Segundo a Abecip, do crédito de poupança desembolsado até julho, R$ 23,9 bilhões se destinaram à construção, enquanto R$ 79,6 bilhões foram direcionados para a compra de imóveis.

Dos recursos para a aquisição, R$ 47,4 bilhões destinaram-se a imóveis usados, com queda de 27%. Já o crédito para a compra de novos cresceu 9%, para R$ 32,2 bilhões. A diferença entre os dois segmentos explicita que, em cenários mais restritivos, o aperto ocorre primeiro para o financiamento de usados.

Na comparação anual, o crédito imobiliário caiu 4,5%, para R$ 17,9 bilhões – R$ 3,8 bilhões para a produção e R$ 14,2 bilhões para a compra de moradias. Da parcela direcionada para aquisição, R$ 7,9 bilhões destinaram-se a usados e R$ 6,3 bilhões, a unidades novas.

Dados divulgados no início de setembro pelo Banco Central (BC) apontam que, em agosto, a captação líquida da poupança ficou negativa em R$ 22 bilhões. Trata-se de recorde de saída líquida da série histórica iniciada em 1995. Houve também retirada recorde, de R$ 338,3 bilhões.

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*As opiniões, informações e eventuais recomendações que constem dos artigos publicados pela Agência TradeMap são de inteira responsabilidade de cada um dos articulistas. Os textos não refletem necessariamente as posições do TradeMap ou de seus controladores.

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