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Foto de Colunista TradeMap Fábio Augusto Luiz Pina

Fábio Augusto Luiz Pina

Assessor econômico da FecomercioSP. Graduado em Economia pela FEA (USP) e Administração pela Universidade Mackenzie, e pós-graduado em Economia Política pela PUC (SP).

O economista também possui especialização em macroeconomia e estatística. Foi subsecretário de comércio e serviço do Ministério da Economia entre 2019/2020. Sócio Consultor da Scopus Consultoria, Análise e Pesquisa.

Febre da inflação atinge Brasil e EUA, mas aqui dará mais dor de cabeça

Imagens de mapa mundi e gráficos sobrepostas e uma mão segurando dólares

Foto: Shutterstock

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O mundo passa por um momento de pressões inflacionárias bastante generalizadas. Alguns países, mais; outros, menos, mas nenhum escapou ileso de dois anos de pandemia. Basta lembrar a quebra da cadeia produtiva em setores como a produção de automóveis ou a alta dos fretes marítimos, que subiram de US$ 1,5 mil por tonelada transportada para mais de US$ 12 mil no período.

A maioria das pessoas no mercado de trabalho atual não se lembra das décadas de 1970 e de 1980, quando o mundo desenvolvido enfrentou taxas de inflação elevadas. Muitos se recordam da década de 1990, quando as nações emergentes lutavam contra o problema – então resolvido nas economias desenvolvidas.

Grande parte das pessoas adultas hoje só tem a referência de um período deflacionário a partir dos anos 2000, com a integração mais efetiva das cadeias produtivas e a entrada do Sudeste Asiático como grande protagonista no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) global.

Esse movimento produziu o fenômeno de achatamento de preços ou de inflação muito baixa ao redor globo por pelo menos duas décadas.

A mudança de cenário agora não é uma garantia de que o mundo esteja definitivamente de volta ao período inflacionário, mas há ao menos um processo febril nos preços, e que deve ser combatido antes que seja tarde demais.

É aí que entra a política monetária. Mas não só ela. Se o presidente do Banco Central (BC) quiser conter a inflação, enquanto o secretário do Tesouro resolver injetar dinheiro na economia, o trabalho de controle de preços se tornará muito pouco eficiente.

Nos casos de Brasil e Estados Unidos, ambos os países têm evidentes pressões de preços atingindo a população, desde o produtor até o consumidor final, mas as condições macroeconômicas de cada um são diferentes.

É verdade que a velocidade de atuação das suas autoridades monetárias também não é a mesma. Vale uma menção honrosa para o BC, que, ainda que tenha se atrasado um pouco para reagir, sem dúvida foi um dos mais rápidos do mundo a começar o combate inflacionário.

Infelizmente, por inúmeros problemas sobre os quais não cabe mencionar em breves linhas, o combate à alta de preços no Brasil é sempre muito mais custoso do que na nação da América do Norte.

Aqui, mesmo sob um mercado de trabalho pouco aquecido e com taxas de juros muito elevadas, a alta de preços tende a ser mais resistente.

Há maturidades econômica e de moeda distintas em cada país, que, neste caso, favorecem os Estados Unidos.

Todavia, não é verdade que a política fiscal nacional seja a única que esteja se comportando de forma expansionista, pois a americana também está. Na verdade, o ritmo de expansão fiscal dos EUA tem sido muito maior do que o brasileiro.

Ainda assim, a inflação no Brasil está a 12%, com juros de 13%, desemprego de 12% e PIB com crescimento entre 0,5% e 1%.

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A economia fraca não tem sido motivo suficiente para conter os preços, e é possível que o BC tenha de elevar mais os juros e reforçar o freio do ritmo da atividade no Brasil.

Nos Estados Unidos, a inflação está a 8% (muito alta para o histórico das últimas quatro décadas); os juros, entre 0,25% e 0,5%; o desemprego, abaixo de 5%; e o PIB com avanço superior a 3%.

Ou seja, o combate à inflação no Brasil vai causar mais sofrimento do que nos Estados Unidos.

Pode ser que aqui cheguemos a ver indícios de estagflação, mas não há elementos para dizer que um aperto monetário ao Norte do continente gere recessão.

Parece exagerada a hipótese de os juros, ao atingirem 3% neste ano nos Estados Unidos, causarem recessão.

Em resumo, teremos desaquecimento, juros mais elevados e redução do crescimento lá e cá – porém mais cá do que lá.

Talvez tenhamos um processo recessivo aqui – não há certeza disso –, com a manutenção do desemprego elevado. Por sua vez, pode haver uma desaceleração menos contundente ao Norte, que deve ficar perto do pleno emprego mesmo com a elevação dos juros.

Bom, isso tudo caso vivamos tempos mais constantes, o que não tem sido o cenário dos últimos anos.

*As opiniões, informações e eventuais recomendações que constem dos artigos publicados pela Agência TradeMap são de inteira responsabilidade de cada um dos articulistas. Os textos não refletem necessariamente as posições do TradeMap ou de seus controladores.

*As opiniões, informações e eventuais recomendações que constem dos artigos publicados pela Agência TradeMap são de inteira responsabilidade de cada um dos articulistas. Os textos não refletem necessariamente as posições do TradeMap ou de seus controladores.

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