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Em vez de freada brusca, aterrisagem das economias deverá ser suave

Guilherme Dietze

Assessor econômico da Federação do Comércio, Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo e do Conselho de Turismo da entidade. Graduado em Economia pela Universidade de Vila Velha, no Espírito Santo, e especializado em pesquisa de mercado pela Fipe/USP.

Em vez de freada brusca, aterrisagem das economias deverá ser suave

Imagem aproximada de uma pista de pouso de um aeroporto, sob a perspecitva do piloto, numa aterrisagem. Há também uma seta amarela no chão, indicando o sentido a ser percorrido.

Foto: Shutterstock

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Apesar de a atual conjuntura se mostrar mais favorável ao desenvolvimento das atividades econômicas, é necessário apontar um alerta para médio e longo prazos, sobretudo para o ano que vem: o efeito do aumento dos juros. As consequências do patamar elevado da taxa básica brasileira, a Selic – que passou de 2%, em março de 2021, para 13,75% ao ano, em agosto – serão sentidas ao longo de 2023.

Importante ressaltar que a tendência de alta de juros não é exclusiva no Brasil. Outros países estão na corrida da subida das taxas para conter a inflação.

Diante desse movimento, espera-se um quadro mais desafiador para o ano que vem, com reduções dos investimentos e do consumo das famílias, ao contrário do que vem ocorrendo ao longo de 2022 – o que afetará negativamente, sobretudo, os segmentos de bens duráveis.

O que virá mais à frente?

Ao olhar o “copo meio cheio”, porém, as análises apontam para um pouso mais suave das economias, e não mais uma brusca “puxada de freio de mão”. Dessa forma, os mercados globais ficam menos estressados, o que ajuda o país a não sofrer uma desvalorização do real.

Dada a redução da demanda global, os preços das commodities tendem a arrefecer, e não há indicativos de baixa da moeda. Isso trará a inflação a um patamar mais modesto do que o visto nos últimos dois anos, o que pode contribuir para a redução do patamar de juros.

Mas, enquanto essa conjuntura não se estabelece, a Selic elevada será a grande vilã da economia brasileira, limitando o seu avanço e postergando investimentos para quando houver uma nova indicação de um ciclo de expansão monetária.

Expansão

De toda a forma, os números da economia brasileira mostram uma importante expansão das atividades neste pós-pandemia de Covid-19. O PIB (Produto Interno Bruto) do segundo trimestre avançou 1,2%, na comparação com o período imediatamente anterior. O resultado ficou um pouco acima do 1,1% registrado entre janeiro e maço deste ano, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

No acumulado de quatro trimestres, desde o terceiro de 2021, o crescimento é de 2,6%.

Mais importante que o dado agregado são as informações específicas, pois mostra o crescimento disseminado. Pela produção, por exemplo, todos os três grupos cresceram: indústria (2,2%), serviços (1,3%) e agropecuária (0,5%).

Sob a ótica da demanda, o consumo das famílias subiu 2,6%, enquanto os investimentos (FBKF) avançaram 4,8%.
Os setores de comércio e serviços, que apontaram alta, no geral, de 1,3%, participam com 70% do PIB.

E, pelo lado do comércio e do consumo, é necessário destacar que o mercado de trabalho tem crescido constantemente, contribuindo para o aumento médio do poder de compra. Tanto que a taxa de desemprego, medida pelo IBGE, ficou em 9,3% no segundo trimestre, o menor nível desde 2015.

Leia mais:
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Embora a inflação tenha corroído parte dos ganhos dos trabalhadores, a melhora no emprego, as injeções do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) e a antecipação do 13º salário a aposentados e pensionistas deram um gás para as vendas no comércio e nos serviços.

Quanto a serviços em geral, o crescimento foi observado em quase todos os grupos, com destaque para transportes e correios (3%), informação e comunicação (2,9%) e atividades financeiras (1,4%).

Além do aumento da demanda por parte das famílias, esses desempenhos têm, em grande parte, influência das relações entre as empresas, o que indica uma perspectiva mais otimista para a realização de negócios, sobretudo com a reabertura da economia no pós-pandemia.

A indústria também conseguiu avançar devido à relativa normalização das entregas dos insumos produtivos. Nesse caso, os investimentos foram puxados pelo setor da construção civil.

Para o segundo semestre do ano, não deve haver grandes mudanças. A expectativa é de crescimento da economia é de 3% até dezembro, também influenciado pelo consumo das famílias, dada a injeção do Auxílio Brasil e de um volume maior de empregados formais em relação ao ano passado.

O impacto só não será mais positivo pelo fato de os lares brasileiros apontarem um alto nível de inadimplência, com contas em atraso. Seria necessário, portanto, o equilíbrio das contas para, depois, a volta de dispêndios mais substanciosos nas atividades econômicas.

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*As opiniões, informações e eventuais recomendações que constem dos artigos publicados pela Agência TradeMap são de inteira responsabilidade de cada um dos articulistas. Os textos não refletem necessariamente as posições do TradeMap ou de seus controladores.

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