Ganesh Inocalla Colunista TradeMap 1

Por Ganesh Inocalla

Analista CNPI e colunista de ações da Agência TradeMap

Membro da equipe do Canal EconoMirna no Youtube, no qual produz vídeos sobre ações e fundos imobiliários. Publica ainda conteúdos diários sobre investimentos em seu instagram.

Como aproveitar a Black Friday de ações na Bolsa?

Mercado

Foto: Unsplash

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No último fim de semana de novembro, temos a chamada Black Friday. Nesta época, muitas pessoas vão às compras e encontram preços bem descontados. Compram avidamente, porque sabem que estão fazendo um excelente negócio.

E se eu disser que a bolsa de valores faz Black Friday com certa regularidade? Sim, o mercado abre, de tempos em tempos, uma janela de oportunidades para investidores comprarem ações com bastante desconto, de 30% ou 40%, por exemplo. Mas, por incrível que pareça, quando a bolsa dá descontos incríveis, são poucos os investidores que compram com vontade. É um certo paradoxo, mas é o que historicamente ocorre.

Pode ser que, na última semana de novembro, a Bolsa brasileira nos brinde com um belo desconto e volte a ser negociada nos 100 mil pontos ou mesmo abaixo desse patamar.

O artigo de hoje tem como objetivo mostrar como investidores podem aproveitar a Black Friday que a Bolsa oferece de tempos em tempos. Seguem quatro passos para conferir antes de aproveitar as oportunidades!

1º Passo: Saiba diferenciar o que é preço do que é valor

Preço é o que você paga, e valor é o que você leva. Pense em um Iphone 12 cujo preço normal seja equivalente a R$ 5 mil. Seu valor justo gira em torno de R$ 5 mil, mas e se na última semana de novembro ele for anunciado por R$ 3.500,00? Há 30% de desconto, e quem comprar estará fazendo um excelente negócio.

No mercado de ações, ocorre algo semelhante. É preciso ter uma estimativa clara de qual é o valor justo da ação para saber se o preço negociado em tela representa de fato um desconto.

Como diria Benjamim Graham, o “Sr. Mercado” nos oferece preços de compra e venda diariamente. Ele é muito emotivo; ora está eufórico, ora está extremamente pessimista. Nos momentos de pessimismo, o “Sr. Mercado” tende a oferecer preços de ações extremamente atrativos.

O investidor de sucesso aproveita as oportunidades quando o preço da ação está bem abaixo do seu valor intrínseco.

Há várias técnicas de valuation para se encontrar o valor justo da ação. As mais famosas são o fluxo de caixa descontado e a avaliação relativa por múltiplos.

Foque no valor da ação e não no seu preço. Evite o erro marcado nas palavras de Philip Fisher: “O mercado de ações está repleto de pessoas que sabem o preço de tudo e não sabem o valor de nada”.

Seja o investidor que consegue identificar o valor da ação. Isso trará a você maior segurança, tranquilidade e rentabilidade nos investimentos.

2º Passo: Entenda em qual ciclo de mercado estamos

Embora não tenhamos como prever o futuro da Bolsa no curto prazo, podemos com certo grau de confiança identificar em que ciclo estamos. O mercado está caro ou barato hoje?

Um indicador que ajuda a entendermos o estado atual é o famoso preço sobre lucro do Ibovespa (P/L). O P/L do principal referencial da Bolsa brasileira representa o valor de mercado das ações do índice em relação ao lucro das empresas que compõem o mesmo. Na crise de 2008, o P/L em maio daquele ano era de 16 vezes; em outubro de 2008, era de 6 vezes.

No cenário mais recente, no início da pandemia, em fevereiro de 2020, o P/L do Ibovespa era de 15 vezes; em março do mesmo ano, já havia caído para 8,5 vezes. Em janeiro de 2021, estava em 22,9 vezes; em novembro, em 6,1 vezes.

Historicamente, quem comprou quando o P/L estava mais descontado fez um bom negócio. Eram momentos de Black Friday da bolsa brasileira.

3º Passo: Entenda as razões principais da queda das ações

Uma série de incertezas e crises começaram a pairar sobre a economia brasileira. Algumas das principais dizem respeito à mudança no teto dos gastos, ao aumento dos juros futuros, ao maior risco Brasil e à eleição do próximo presidente.

Para você ter uma ideia, o índice EMBI+ da JP Morgan – que mede o risco-Brasil – estava em 266 pontos-base em 5 de fevereiro deste ano. No último dia 22, havia subido para 339 pontos-base. Quanto mais alto for seu valor, maior a percepção de risco e menor será o preço das ações.

Além disso, os juros futuros e a taxa Selic começaram a subir diante desse cenário de incertezas, com forte pressão da inflação: a Selic saiu de 2% e hoje está em 7,75%. A alta do risco-país e dos juros joga o preço das ações para baixo, quando se realiza um cálculo de valuation. Ao mesmo tempo, as empresas vêm apresentando lucros crescentes.

Essa conjunção de fatores (lucros das empresas aumentando e preço das ações caindo) é que joga os múltiplos das ações, como o P/L, para baixo. São ocasiões que historicamente representam boas oportunidades para acumular papéis de boas empresas.

E quanto mais ações de boas companhias forem acumuladas a preços atrativos, mais rápida será a independência financeira, o tão sonhado objetivo de milhões de brasileiros.

4º Passo: Realize um bom trabalho de stock picking

Não é porque as ações caem que automaticamente devemos comprar. É preciso fazer uma seleção e escolher bons setores e boas empresas. Atualmente, há segmentos interessantes, como de energia elétrica, saneamento, propriedades (shopping centers), construção civil, financeiro e agronegócio.

Recomendações finais

A Black Friday está aí. Neste ano, o tradicional evento coincide com a liquidação na bolsa de valores. Há boas empresas negociadas a preços atrativos. A diferença é que, no mercado, sempre podem cair mais.

Não tente acertar o fundo dos preços. O investidor que fizer um bom trabalho de seleção de ações, acumular compras a bons preços e segurar os papéis por prazos longos será recompensado.

*As opiniões, informações e eventuais recomendações que constem dos artigos publicados pela Agência TradeMap são de inteira responsabilidade de cada um dos articulistas. Os textos não refletem necessariamente as posições do TradeMap ou de seus controladores.

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