Ibovespa fecha estável em dia de digestão após a Super Quarta e sinais mistos sobre juros

Fonte: Shutterstock/Vintage Tone

O Ibovespa terminou a quinta-feira (11) praticamente estável, com leve alta de 0,07%, aos 159.189 pontos, refletindo um mercado ainda em compasso de espera após a Super Quarta. A combinação entre o corte de juros nos Estados Unidos e a manutenção da Selic em 15,00% ao ano pelo Banco Central brasileiro trouxe mais dúvidas do que convicções aos investidores, reduzindo o fôlego que vinha sustentando a alta do índice nos últimos dias.

O comunicado do Copom reforçou a postura de cautela. Embora o BC não tenha descartado a possibilidade de um corte já em janeiro, também não ofereceu sinais concretos de que o ciclo possa começar tão cedo. O tom duro, praticamente idêntico ao do encontro anterior, manteve a leitura de que a taxa atual é necessária para assegurar a convergência da inflação, ainda que as projeções internas já apontem para um IPCA mais próximo da meta.

No campo doméstico, o dado de varejo de outubro trouxe surpresa positiva: as vendas subiram 0,5%, contra expectativa de queda. O número reacendeu a leitura de que a economia segue resiliente, mas também levantou receios de que uma atividade mais forte possa postergar o início da flexibilização monetária. É a mesma dualidade que tem marcado o humor dos investidores nos últimos meses.

No exterior, os mercados reagiram de forma desigual à decisão do Federal Reserve. O corte de 0,25 ponto percentual foi acompanhado por um discurso firme, indicando que não há pressa para seguir estimulando a economia. Em Nova York, o otimismo inicial perdeu força com a decepção nos resultados da Oracle, que pesou sobre as big techs e trouxe instabilidade ao setor de tecnologia. Já ouro e prata avançaram em meio à busca por proteção, favorecidos também pelo enfraquecimento do dólar.

Apesar do cenário moderadamente adverso, algumas ações conseguiram se destacar. A Vale (VALE3) puxou a alta do índice, mesmo com um dia fraco para o minério de ferro na China, com alta de 1,32%. O setor bancário também ofereceu sustentação, ainda sob expectativa de que um corte de juros pode reaquecer o apetite por risco e beneficiar instituições financeiras e a própria B3. Bradesco (BBDC4) avançou 1,15%, enquanto Itaú (ITUB4) e Banco do Brasil (BBAS3) caíram 0,08 e 0,14%, respectivamente, mas ainda assim contribuíram para evitar quedas mais amplas.

No lado negativo, Petrobras (PETR4) recuou 2,13% acompanhando a forte baixa do petróleo no mercado internacional, afetado pela decisão da Opep de manter suas projeções de demanda e sinalizar que pretende interromper aumentos de produção apenas no início de 2026. A queda da commodity pesou diretamente sobre o papel, que terminou o dia em declínio.

Entre os destaques corporativos, Suzano (SUZB3) foi um dos principais movimentos. A companhia divulgou novas estimativas de custos para 2027, incorporando inflação, câmbio e atualizações operacionais. As previsões mexeram com o sentimento do mercado e acabaram levando suas ações a forte queda de 4,26% no pregão.

A Raízen (RAIZ4) voltou ao radar após a B3 alertar que suas ações preferenciais seguem negociadas abaixo de R$ 1 desde outubro e precisam de um plano para reenquadramento até maio de 2026. A companhia afirmou que já estuda alternativas, como eventuais agrupamentos de ações. A incerteza regulatória, porém, manteve os papéis voláteis ao longo do dia mas terminou com alta de 2,38%.

Outra empresa que movimentou discussão foi a Usiminas (USIM5). Em apresentação a investidores, a companhia indicou que vê estabilidade nos preços de aço para montadoras em contratos a serem renovados no início de 2026, mas manteve cautela sobre projeções mais longas. A empresa também reiterou a expectativa de redução de custos neste trimestre e destacou que uma decisão sobre o projeto de mineração “Compactos” só deve ocorrer entre 2026 e 2027. As ações acabaram pressionadas e terminaram o dia com queda de 2,76%.

No varejo, o Magazine Luiza (MGLU3) seguiu no centro das atenções após apresentar a nova Galeria Magalu aos analistas. Instalado no Conjunto Nacional, o espaço reúne diversas marcas do grupo e reforça a estratégia omnicanal da varejista. Mesmo com avaliações positivas sobre o conceito e potencial de tráfego, o cenário macroeconômico restritivo, o crédito caro e a forte concorrência mantiveram os investidores cautelosos, levando as ações a um desempenho negativo com queda de 4,10%.

Enquanto isso, Raia Drogasil (RADL3) ganhou destaque com um movimento firme de alta. O mercado reagiu bem a indicadores consistentes de crescimento e rentabilidade, além da forte participação acionária dos próprios executivos da companhia, um sinal de alinhamento entre gestão e acionistas. A empresa vem registrando expansão de lucros e aumento de receita, com estabilidade nas margens operacionais, o que reforça a confiança de investidores de longo prazo. Com esses elementos, as ações avançaram 3,22%.


As listas das maiores altas e baixas da carteira do Ibovespa ficaram assim:


Altas

• Hapvida (HAPV3): +3,41%

• RaiaDrogasil (RADL3): +3,22%

• Vivara (VIVA3): +2,67%

• BTG (BPAC11): +2,53%

• Raízen (RAIZ4): +2,38%


Baixas

• Suzano (SUZB3): -4,26%

• Magalu (MGLU3): -4,10%

• Usiminas (USIM5): -2,76%

• Embraer (EMBJ3): -2,55%

• Klabin (KLBN11): -2,44%


Confira a evolução do IBOV no fechamento de hoje (11/12):

• Segunda-Feira (08): +0,52%

• Terça-Feira (09): -0,13%

• Quarta-Feira (10): +0,69%

• Quinta-Feira (11): +0,07%

• Na semana: +1,16%

• Em dezembro: +0,07%

• No 4°tri./25: +8,86%

• Em 12 meses: +22,84%

• Em 2025: +32,35%


EUA

Os principais índices de Nova York encerraram o dia sem direção única:

• Dow Jones: +1,34%

• Nasdaq: -0,26%

• S&P 500: +0,21%


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