A Braskem (BRKM5) atravessa um dos períodos mais delicados de sua história, marcada por forte volatilidade, endividamento elevado e incertezas sobre seu futuro societário. Nesta sexta-feira (3), as ações da petroquímica despencaram para R$ 6,54, o menor valor desde 2010, acumulando queda de 43,52% em 2025. A desvalorização foi acentuada pela notícia de que a empresa contratou assessores financeiros e jurídicos para avaliar alternativas de reestruturação de sua dívida, interpretada pelo mercado como um sinal de fragilidade.
O cenário adverso reflete múltiplos fatores. Além da alavancagem considerada insustentável, a companhia sofre pressões do passivo ambiental em Alagoas, que já consumiu bilhões em provisões, e do prolongado impasse acionário entre Novonor e Petrobras. Esse quadro contribuiu para sucessivos cortes de rating por Fitch e S&P, que passaram a classificar a Braskem em grau altamente especulativo, com risco elevado de calote.
Em meio à crise, a empresa também registrou sua maior taxa de aluguel de ações em dois anos, de 17,44%, reflexo do aumento de operações de venda a descoberto. O movimento coincidiu com a decisão do Cade, que aprovou sem restrições a potencial aquisição da participação da Novonor pelo fundo Petroquímica Verde, de Nelson Tanure. Embora tenha provocado uma breve recuperação dos papéis, a operação ainda depende de negociações complexas com credores e da posição da Petrobras, que detém direito de preferência.
Analistas ressaltam que a companhia pode ter de buscar alternativas como venda de ativos, capitalização ou até mesmo conversão de dívida em ações, o que traria risco de diluição aos atuais acionistas. Há, ainda, expectativa em torno do projeto Presiq, que prevê incentivos fiscais à indústria química e poderia gerar alívio temporário no caixa, mas considerado insuficiente para resolver os problemas estruturais.
Enquanto isso, os títulos de dívida da Braskem seguem negociados com forte desconto no mercado internacional, refletindo a crescente percepção de risco. Apesar do alinhamento recente entre bancos credores e a gestora IG4 para um possível rearranjo societário, o futuro da companhia ainda depende da saída negociada da Novonor e da disposição da Petrobras em participar de uma solução de capitalização.
Em resumo, a Braskem enfrenta uma crise financeira e societária sem precedentes, em que cada movimento, seja uma decisão regulatória, uma fala de credores ou a mudança na estrutura de controle, tem impacto imediato sobre a confiança do mercado. O desfecho desse processo poderá redefinir não apenas o destino da empresa, mas também a dinâmica da indústria petroquímica no Brasil.
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