O Ibovespa encerrou a quinta-feira (25) em queda de 0,81%, aos 145.306 pontos. O movimento reflete um ambiente misto: de um lado, a prévia da inflação (IPCA-15) ficou abaixo das projeções, reforçando expectativa de cortes na Selic; de outro, fatores políticos e externos pesaram no humor dos investidores.
Nos Estados Unidos, o PIB do 2º trimestre avançou 3,8%, acima das estimativas, o que pode adiar novos cortes de juros pelo Federal Reserve. Já no Brasil, a aprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva subiu para 50%, segundo pesquisa Pulso Brasil/Ipespe. A leitura do mercado é que a alta popularidade reduz a chance de ajustes fiscais mais duros, aumentando a percepção de risco sobre ativos locais.
O IPCA-15 subiu 0,48% em setembro, levemente abaixo da previsão de 0,51%. No acumulado de 12 meses, o indicador alcançou 5,32%, puxada principalmente pelo grupo Habitação, com alta de 12,17% na energia elétrica. Em contrapartida, alimentos registraram a quarta queda consecutiva. Para analistas, a desaceleração em núcleos de inflação é um sinal positivo, mas insuficiente para acelerar cortes de juros no curto prazo.
No câmbio, o dólar Ptax subiu 0,59%, cotado a R$ 5,3425, acompanhando o fortalecimento da moeda americana no exterior diante dos dados mais fortes da economia dos EUA.
A Petrobras (PETR4) caiu 0,80% mesmo após o JPMorgan elevar o preço-alvo de suas ações de R$ 43 para R$ 45, reiterando recomendação de compra. O banco destacou a robustez operacional dos campos do pré-sal e a aprovação do Ibama para testes no bloco FZA-M-59, na Foz do Amazonas.
No setor de consumo, Magazine Luiza (MGLU3) e Ambev (ABEV3) avançaram 1,29% e 0,65%, respectivamente, impulsionadas pela leitura mais benigna da inflação. O alívio no IPCA-15 favorece empresas de varejo e bebidas, que tendem a se beneficiar de maior poder de compra das famílias.
A Vale (VALE3) teve leve alta de 0,55%, após o BB-BI revisar seu preço-alvo para R$ 68 (ante R$ 65) e manter recomendação de compra. A análise ressaltou redução de custos, disciplina financeira e perspectivas mais positivas para o minério de ferro, com preços sustentados próximos de US$ 100 a tonelada.
Na ponta negativa, Assaí (ASAI3) despencou 5,37% após a companhia ingressar na Justiça contra o GPA (PCAR3) e o grupo Casino em disputa por passivos tributários. O GPA também foi afetado, recuando 2,30%. A medida visa impedir a venda de ações pelo Casino sem garantias de cobertura de possíveis dívidas fiscais, que somam cerca de R$ 36 milhões.
Entre as maiores baixas do dia também estiveram Raízen (RAIZ4) e Cosan (CSAN3), com quedas de 7,27% e 7,02%, respectivamente. As empresas seguem pressionadas por preocupações com alavancagem após o anúncio de aumento de capital de R$ 10 bilhões pela Cosan, que visa reduzir dívidas mas trouxe forte diluição para acionistas.
A MRV (MRVE3) recuou 5,33%, refletindo a combinação de inflação elevada no setor de habitação e declarações do presidente da Caixa sobre possível crise no FGTS, principal fonte de financiamento imobiliário no país.
No setor educacional, a Yduqs (YDUQ3) caiu 5,17% após o Censo Superior de 2024 apontar desaceleração na base de alunos do ensino privado e aumento da evasão. Analistas destacam que o cenário de juros altos e endurecimento regulatório para cursos a distância pode limitar o crescimento das companhias do setor.
As listas das maiores altas e baixas da carteira do Ibovespa ficaram assim:
Altas
• Natura (NATU3): +2,34%
• Magalu (MGLU3): +1,29%
• Ambev (ABEV3): +0,65%
• Prio (PRIO3): +0,62%
• Ultrapar (UGPA3): +0,61%
Baixas
• Raízen (RAIZ4): -7,27%
• Cosan (CSAN3): -7,02%
• Assaí (ASAI3): -5,37%
• MRV (MRVE3): -5,33%
• Yduqs (YDUQ3): -5,17%
EUA
Os principais índices de Nova York encerraram o dia em queda:
• Dow Jones: -0,38%
• Nasdaq: -0,50%
• S&P 500: -0,50%
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