A semana entre 31 de agosto e 5 de setembro foi marcada por uma agenda intensa de indicadores econômicos no Brasil e no exterior, com impacto direto no humor dos investidores. No cenário doméstico, o destaque foi o PIB do segundo trimestre, que avançou 0,4% frente ao trimestre anterior, superando as projeções do mercado. Além disso, a balança comercial registrou superávit de US$ 6,13 bilhões em agosto, alta de 35,8% na comparação anual, puxada pelo aumento das exportações e pela retração das importações. Já o Índice de Preços ao Produtor (IPP) apresentou queda de 0,30% em julho, acumulando seis resultados negativos consecutivos.
Nos Estados Unidos, os números também chamaram atenção. O relatório JOLTS mostrou 7,181 milhões de vagas de emprego abertas em julho, abaixo das estimativas. A balança comercial apontou déficit de US$ 78,3 bilhões, com avanço expressivo das importações. O Payroll de agosto revelou criação de apenas 22 mil postos de trabalho, bem abaixo da expectativa de 75 mil, enquanto a taxa de desemprego subiu para 4,3%. O crescimento do emprego no setor de saúde foi parcialmente compensado por perdas no governo federal e na indústria extrativa.
Nesse ambiente de forte volatilidade, a bolsa brasileira acompanhou de perto o movimento dos mercados globais, refletindo nos desempenhos das principais ações do Ibovespa, entre altas e baixas da semana.
Maiores altas:
Entre as maiores altas da semana, a Cosan (CSAN3) liderou o Ibovespa com valorização de 24,79%. O desempenho ocorreu após o Bank of America reduzir o preço-alvo das ações de R$ 14 para R$ 11, mas manter a recomendação de compra. Além disso, notícias de que a Raízen, controlada pela Cosan, estaria na mira da japonesa Mitsubishi para uma operação de aumento de capital também contribuíram para o otimismo. Segundo a Bloomberg, a Cosan não participaria diretamente da operação, o que resultaria em uma diluição mínima de sua participação.
A Magazine Luiza (MGLU3) avançou 13,19% na semana, impulsionada pela perspectiva de queda dos juros no Brasil. O alívio na curva de juros, aliado às projeções mais baixas de inflação no Boletim Focus, reforçou a expectativa de estímulo ao consumo, favorecendo o setor de varejo. Com isso, as ações da companhia foram beneficiadas diretamente pelo cenário macroeconômico mais positivo.
A Raízen (RAIZ4) registrou alta de 9,40%, apoiada tanto pelo interesse de grupos estrangeiros em uma capitalização quanto por movimentos estratégicos recentes. Além da Mitsubishi, outras empresas japonesas, como a Mitsui, e instituições brasileiras, como BTG Pactual e Itaúsa, estariam avaliando a aquisição de participação na companhia. Paralelamente, a Raízen anunciou o fim da parceria com a Femsa Comércio, formalizada em 2019 por meio da joint venture Grupo Nós. Com a dissolução, a Raízen assumirá mais de 1.200 lojas Shell Select e Shell Café, enquanto a Femsa ficará com 611 lojas OXXO e um centro de distribuição em Cajamar (SP).
Maiores quedas:
A Brava Energia (BRAV3) recuou 8,58%, mesmo após divulgar recorde de produção em agosto, com média de 92.372 barris de óleo equivalente por dia, 1,6% acima do mês anterior. A queda refletiu o movimento negativo do setor de petróleo, pressionado pela baixa nas cotações internacionais, que recuaram pela terceira sessão consecutiva. O aumento inesperado nos estoques de petróleo dos Estados Unidos e a perspectiva de maior oferta global intensificaram as preocupações com a demanda, afetando o desempenho das petroleiras na bolsa.
A Marfrig (MRFG3) caiu 5,54% após a aprovação, sem restrições, da fusão com a BRF (BRFS3) pelo Cade. A decisão, anunciada na sexta-feira (5), dará origem a uma das maiores companhias globais de alimentos, com faturamento anual de R$ 152 bilhões, presença em 117 países e portfólio de mais de 37 marcas líderes. Apesar da relevância estratégica, o mercado reagiu com cautela, refletindo ajustes de curto prazo nas ações.
A AZZAS (AZZA3) recuou 5,30% após anunciar mudanças na gestão da marca Hering. A partir de 1º de outubro de 2025, Thiago Hering, membro da família fundadora e atual CEO da unidade Basic, deixará a diretoria estatutária e o comando da marca. A transição foi recebida de forma negativa pelo mercado, que interpretou a saída como um ponto de incerteza para a companhia.
No balanço da semana, o Ibovespa refletiu tanto o impacto de indicadores econômicos relevantes quanto o noticiário corporativo. As fortes altas da Cosan, Magazine Luiza e Raízen mostraram a sensibilidade das ações ao ambiente macroeconômico e a movimentos estratégicos, enquanto as quedas de Brava Energia, Marfrig e AZZAS evidenciaram os efeitos de fatores externos, fusões e mudanças de gestão sobre o desempenho das empresas.
Para acompanhar mais notícias do mercado financeiro, baixe ou acesse o TradeMap.