O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu nesta quarta-feira (18) elevar a taxa básica de juros, a Selic, em 0,25 ponto percentual, para 15,00% ao ano. Com isso, a Selic renova sua máxima em quase duas décadas — superando o patamar de 14,75% registrado em maio — e atinge o maior nível desde maio de 2006, quando estava em 15,25% ao ano. A decisão marca a sétima alta consecutiva desde setembro de 2024.
A decisão reflete a preocupação da autoridade monetária com a persistência da inflação acima da meta, mesmo diante de sinais de desaceleração. O IPCA subiu 0,26% em maio, acumulando alta de 5,32% em 12 meses — acima do teto da meta. O Boletim Focus projeta inflação de 5,25% para o fim de 2025, enquanto para 2026 a projeção segue próxima ao limite de 4,50%.
Apesar de parte do mercado esperar a manutenção da taxa em 14,75%, as expectativas estavam divididas. A sinalização recente do presidente do BC, Gabriel Galípolo, já indicava que o comitê ainda discutia o ciclo de alta, o que preparou o terreno para a elevação. A decisão reafirma o compromisso da instituição com a estabilidade de preços e antecipa que os juros devem permanecer em patamar elevado por mais tempo.
A decisão do Copom de elevar a Selic para 15,00% foi influenciada por uma combinação de fatores domésticos e externos que aumentaram a percepção de risco inflacionário. No cenário interno, o mercado de trabalho segue aquecido e a atividade econômica tem demonstrado resiliência, o que mantém a demanda interna elevada e pode gerar pressões adicionais sobre os preços. Ao mesmo tempo, a inflação de serviços — um segmento mais sensível ao nível de atividade — permanece elevada, sem sinais claros de moderação, o que reforça a necessidade de uma política monetária mais restritiva.
Além disso, o quadro fiscal contribui para o aumento da incerteza: as dificuldades do governo em aprovar medidas de ajuste e controlar os gastos públicos têm gerado preocupação com a sustentabilidade das contas públicas no médio prazo.
No plano internacional, a desaceleração da economia chinesa, a volatilidade nos preços do petróleo — agravada por tensões no Oriente Médio — e o risco de reconfigurações no comércio global também influenciaram a decisão, ao ampliar o nível geral de incerteza e os desafios para a condução da política monetária. Esses elementos, combinados, justificaram a elevação dos juros como forma de preservar a estabilidade dos preços e ancorar as expectativas de inflação.
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