Piores investimentos do primeiro semestre de 2024: MSCI Brasil lidera, seguido pelo real e Ibovespa

Shutterstock/Smith

O ano de 2024 começou com otimismo para muitos investidores no Brasil, impulsionados pelo desempenho robusto do ano anterior. Em 2023, o Ibovespa encerrou com uma alta de 22,28%, atingindo 134 mil pontos, o maior nível da sua história. No entanto, a crescente deterioração da situação fiscal do país, juntamente com incertezas externas, como a possibilidade de adiamento na redução das taxas de juros nos EUA, levou a Bolsa brasileira de um recorde histórico para o pior desempenho entre as principais economias do mundo em 2024.

No primeiro semestre deste ano, o Ibovespa acumulou uma queda de 7,66%, ficando em terceiro lugar no ranking de piores investimentos. O real também teve um desempenho ruim, desvalorizando-se 12,91% em relação ao dólar. No último dia de 2023, o dólar Ptax estava em R$/US$ 4,8413, no final de junho de 2024 fechou em R$/US$ 5,5589.

Além disso, no primeiro semestre deste ano, os investidores estrangeiros reduziram significativamente sua participação na bolsa brasileira. Durante esse período, retiraram R$ 38,86 bilhões da B3, contribuindo para a desvalorização do real frente ao dólar. A saída de capital estrangeiro da B3 no primeiro semestre deste ano é a maior desde 2020, quando, devido à pandemia, houve uma retirada de R$ 76,504 bilhões nos primeiros seis meses.

O índice MSCI Brasil liderou o ranking com uma queda de 21,75%. Este índice abrange cerca de 50 das maiores empresas brasileiras. Dois fatores principais explicam esse desempenho negativo. Primeiro, a desvalorização do real, que reduz o valor dos investimentos estrangeiros, já que as ações das empresas brasileiras são cotadas em reais. Segundo, a composição setorial do índice: setores como telecomunicações e tecnologia, que tiveram bons desempenhos em outros índices globais, têm uma baixa participação no MSCI Brasil, cerca de 3%. Em contrapartida, setores com desempenho fraco, como materiais básicos e energia, têm uma grande participação no índice.

O quarto pior foi o Índice de Dividendos, que caiu 3,41%. O IDIV é composto pelas empresas que mais distribuíram dividendos ou juros sobre o capital próprio (JCP) para seus acionistas nos últimos 36 meses e estão entre as ações mais negociadas na B3 nos últimos 12 meses. A queda do IDIV reflete a pressão sobre empresas de setores tradicionais, como serviços públicos e finanças, que são os maiores pagadores de dividendos. A combinação de incertezas econômicas e pressões regulatórias afetou negativamente esses setores, resultando em menor retorno para os investidores.

O índice IMA-B, composto por títulos públicos indexados à inflação medida pelo IPCA, registrou uma queda de 1,10%, ocupando o quinto lugar no ranking. A performance negativa do IMA-B pode ser atribuída ao aumento das expectativas de inflação e à incerteza em relação à política fiscal do Brasil. A alta nos prêmios de risco exigidos pelos investidores para manter esses títulos, devido às preocupações com a solvência fiscal, também contribuiu para a queda do índice. Além disso, a expectativa de elevação das taxas de juros no mercado interno pressionou os preços dos títulos indexados, resultando em desvalorização.

Em sexto lugar, o índice Shanghai Composite (SSEC) caiu 0,25%. Este índice, que abrange todas as ações na Bolsa de Valores da China, reflete o desempenho geral das empresas do país. Assim como a bolsa brasileira, outros mercados globais também foram afetados por fatores externos, embora o Brasil tenha sofrido mais quando comparado ao desempenho das principais bolsas do mundo. O índice SSEC é um exemplo disso, pois, apesar de não ter apresentado uma queda tão acentuada, também não teve um desempenho positivo.

Confira detalhes no gráfico abaixo:

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