Ranking investimentos: 2022 foi da renda fixa e a receita pode se repetir no próximo ano

IMA-S lidera ganhos no ano; bolsas internacionais e Bitcoin ficam na lanterna em 2022

Foto: Shutterstock/Travis Wolfe

A preocupação com a inflação foi a tônica do ano em escala global. No Brasil, o Banco Central (BC) saiu na frente elevando os juros, com a taxa Selic chegando a 13,75% ao ano. Em meio a esse cenário, a renda fixa foi o melhor investimento de 2022 e pode repetir o feito no ano que começa.

No acumulado do ano, o IMA-S teve o melhor desempenho. Esse indicador é formado por títulos públicos indexados à Selic. Ou seja, se a Selic avança, sobem os rendimentos das carteiras com esses títulos. A alta foi de 12,62%.

Outros indicadores que concentram papéis de renda fixa também se deram bem, como é o caso do IMA-B5, que concentra os títulos públicos atrelados à inflação e com prazo de até cinco anos. Esse indicador acumula alta de 9,65%.

“Roberto Campos Neto [presidente do Banco Central] fez um trabalho muito bom, se antecipando na alta de juros. E fez um trabalho forte. Os juros passaram de 2% pra quase 14%”, diz Pedro Mascarenhas Albuquerque, analista do Inter Invest.

Os juros no Brasil começaram a subir em março de 2021 e chegaram a 13,75% ao ano em agosto. Há a expectativa que a Selic comece a cair em 2023, mas de forma lenta. De acordo com o boletim Focus, a taxa básica deve terminar o próximo ano em 12% ao ano – e por isso ainda deve ser o ano da renda fixa.

Renda variável

E para quem é da renda variável? Bem, o ano não foi um primor para quem investe em ações, mas para quem tem uma carteira concentrada em boas pagadoras de dividendos, o retorno ficou similar ao da renda fixa.

O Idiv, que reúne empresas como Vale (VALE3) e Petrobras (PETR3, PETR4), acumula alta de 12,65%.

Já o desempenho do Ibovespa, o principal índice da B3, é modesto, com uma alta de apenas 4,69%, mas melhor que o índice de Small Caps, que recua 15,06%.

Albuquerque, do Inter, lembra que 2022 começou com a expectativa de uma retomada da economia global em um cenário de avanço da vacinação contra a Covid-19 e reabertura das fronteiras. Mas a inflação que veio com essa reabertura e a guerra na Ucrânia, que também alimentou a alta dos preços, colocaram um freio nessas expectativas.

“Começamos o ano sabendo que o que ia nortear a economia era a política monetária, que ia ter a alta de juros”, diz.

Lá fora foi pior

E foi essa alta de juros, em especial nos Estados Unidos, que minaram os investimentos de risco. Bolsas americanas e os criptoativos minguaram ao longo do ano.

A Nasdaq, que concentra ações do setor de tecnologia, caiu 33,03%. Já as Bitcoin, principal criptoativo em negociação, despencou 64,06%.

“As quedas das Bolsas americanas e do Bitcoin foram investimentos muito ligados ao comportamento da taxa de juros americano”, diz Bruno Komura, estrategista-chefe da Ouro Preto Investimentos.

Empresas de tecnologia, em geral, demandam muitos investimentos. Com o custo do dinheiro saindo de praticamente zero para a faixa entre 4,25% a 4,50%, que é a taxa de juros americana, as ações dessas empresas passaram por uma reavaliação, para baixo.

O mesmo ocorreu com as criptomoedas. Com menos liquidez, os investimentos alternativos foram prejudicados. Soma-se a isso problemas estruturais, como a quebra da FTX, uma das principiais corretoras do ativo no mundo.

E 2023?

No cenário externo, o ciclo de aperto monetário continua nos Estados Unidos e a guerra segue em curso na Ucrânia. Já no Brasil, o foco está na política fiscal que será adotada pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva, o que pode acelerar ou retardar o início da queda da taxa Selic.

Com tantas dúvidas no ar, os especialistas recomendam cautela e uma preferência pela renda fixa, mesmo que reconheçam que há boas oportunidades na Bolsa.

Para Komura, o investidor de médio e longo prazo deve considerar os prefixados e os títulos corrigidos pela inflação.

“O discurso de Lula está sendo populista, direcionado ao aumento dos gastos, mas se a conjuntura começar a se deteriorar, com mais inflação e baixo crescimento, a gente acredita que o pragmatismo vai prevalecer”, diz.

Por ver um ganho atrativo na renda fixa, o estrategista vê com maior cautela os investimentos em renda variável, mas reconhece que há papéis baratos, lembrando que mesmo empresas com bons fundamentos sofrem em um momento de maior volatilidade.

Já para Albuquerque, do Inter, 2023 também deve ser da renda fixa, mas ele é mais cauteloso e prefere os pós-fixados para investimentos de até dois anos e para um horizonte maior, os papéis atrelados à inflação.

“A gente tem títulos de boas empresas, isentos de IR, pagando IPCA e um juro de mais de 6%. Para quem não quer esse risco, tem Tesouro Direto a IPCA mais 6%. Isso é uma máquina de juros”, diz.

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