A Petrobras (PETR4; PETR3) tem apresentado nos últimos anos números robustos e o motivo para tal tem nome e sobrenome, a valorização do petróleo tipo Brent no mercado internacional.
No terceiro trimestre do ano, a perspectiva positiva em relação à empresa não será diferente, uma vez que mesmo abaixo da média do primeiro semestre de 2022, o preço do Brent ainda continua em patamar elevado na comparação anual.
Dados do Departamento de Energia dos EUA (EIA, na sigla em inglês) mostram que o preço médio do Brent ficou em US$ 100,77 o barril no terceiro trimestre, enquanto no mesmo período do ano passado ele estava em US$ 74,49, ou seja, uma alta de 35,27%. Na comparação trimestral, porém, ele está 11,24% menor.
Dito tudo isso, mesmo que a produção e a venda tenham recuado 6,6% e 6,5%, respectivamente, ante o mesmo intervalo de 2021, a alta do Brent no período deve aumentar o lucro e receita da Petrobras no terceiro trimestre.
Pelo menos é isso que preveem alguns bancos e corretoras consultados pela Agência TradeMap. Para o BTG Pactual, XP, Santander e Itaú BBA, a estatal deve reportar lucro líquido de R$ 53,56 bilhões, R$ 42,66 bilhões, R$ 41,37 bilhões e R$ 41,84 bilhões, nesta ordem. Todas essas projeções viriam acima dos R$ 31,1 bilhões anotados no mesmo período de 2021.
“Esperamos mais um trimestre sólido para a empresa”, afirmam os analistas Andre Vidal e Helena Kelm, da XP.
O lucro operacional, por sua vez, medido pelo Ebitda (lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação) deve superar em pelo menos 7% os R$ 81,19 bilhões vistos de julho a setembro do ano passado, de acordo com as instituições.
Vendas da Petrobras
Além de um lucro maior, as instituições financeiras projetam receita acima dos R$ 121,6 bilhões no mesmo trimestre de 2021, apesar de a prévia operacional ter apresentado queda nas vendas de derivados.
Com isso, o BTG espera que a receita alcance R$ 177 bilhões, a XP vislumbra R$ 159 bilhões e o Itaú BBA aposta em R$ 153 bilhões. O Santander, por sua vez, não possui projeção para esta linha.
No trimestre, as vendas de derivados de petróleo da Petrobras no mercado interno somaram 1,798 milhão de barris por dia, uma retração de 7,6% na comparação anual. Ao mesmo tempo, as exportações de petróleo caíram 39,9% na mesma base comparativa, atingindo 363 mil barris por dia.
As vendas de gasolina atingiram 405 mil barris por dia no terceiro trimestre, uma perda de 8,2% na comparação anual. Já as vendas de diesel recuaram 9,6% na comparação anual, totalizando 784 mil barris por dia no trimestre.
Apesar disso, as vendas de diesel aumentaram 4,6% na comparação direta com o segundo trimestre deste ano. Mesma coisa com a gasolina, cujo aumento nas vendas chegou a 8% em relação aos meses de abril a junho.
Dividendos
Outra expectativa do mercado é com relação aos dividendos, seja ele extraordinário ou adicional, já que a Petrobras tem anunciado pagamento vultuoso em função da valorização do Brent.
Mais cedo, a estatal disse em comunicado que o tema está na pauta na reunião de conselho que ocorre hoje.
A Petrobras, no entanto, afirmou que não há nenhuma decisão tomada sobre o tema.
Como forma de se antecipar ao tema, a FUP (Federação Única dos Petroleiros) e a Anapetro, que representa os acionistas minoritários, anunciaram que vão entrar com ação na Justiça para tentar barrar uma nova distribuição de “megadividendo”.
De acordo com as entidades, os dividendos do terceiro trimestre podem atingir R$ 50 bilhões, elevando o total no ano para quase R$ 180 bilhões, sendo que o investimento realizado pela estatal soma R$ 17 bilhões em 2022.
Na avaliação da FUP e da Anapetro, os dividendos devem ser destinados pela próxima gestão da estatal, que deve assumir após a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.