Dólar pressiona dívida da Suzano (SUZB3) e lucro líquido cai 98% no 2º trimestre – entenda

Do lado operacional, a empresa se beneficiou do aumento do preço do papel e da celulose

Foto: Shutterstock

A Suzano, embora tenha o seu negócio voltado principalmente para a exportação e por isso costume se beneficiar do aumento do dólar, viu a valorização da moeda americana ser a maior responsável para seu lucro cair 98% no segundo trimestre, para R$ 182 milhões, ante igual período do ano passado, quando somou R$ 10 bilhões.

A companhia, uma das maiores produtoras de papel e celulose do mundo, explicou, em balanço publicado na noite desta quarta-feira (27), que a redução se deve basicamente ao efeito da variação cambial sobre a sua dívida e ao impacto de marcações a mercado em operações com derivativos.

No segundo trimestre, 82% da dívida total da empresa estavam em moeda estrangeira. No período, a dívida bruta aumentou 9% em relação ao primeiro trimestre, para R$ 75,4 bilhões (acréscimo de R$ 6,4 bilhões), “em função sobretudo da desvalorização do real de fechamento frente ao dólar”, disse a empresa.

A Suzano realiza a contratação de dívida em moeda estrangeira como estratégia de proteção (hedge natural, como o mercado chama), uma vez que a geração de caixa operacional líquida é denominada, em sua maior parte, em moeda estrangeira (dólar), devido à sua condição predominantemente exportadora.

A dívida líquida, apesar do efeito do dólar, caiu 4% no segundo trimestre, para R$ 54,8 bilhões, em relação ao segundo trimestre do ano passado, resultando também em uma menor alavancagem (proporção da dívida líquida sobre o lucro operacional, o Ebitda), que caiu para 2,3 vezes, contra 3,1 vezes um ano antes.

Apesar da redução significativa, o lucro da Suzano ainda surpreendeu positivamente os analistas do Santander, do BTG Pactual e do Itaú BBA. Todos eles esperavam que a empresa registrasse prejuízo no segundo trimestre. O Santander calculava uma perda de R$ 1,7 bilhão; o BTG, de R$ 1,4 bilhão; e o BBA, de R$ 4,3 bilhões.

Do lado operacional, a Suzano se beneficiou do aumento do preço do papel e da celulose. O preço médio da celulose em dólar subiu 15% no segundo trimestre ante igual período do ano passado, enquanto o do papel teve avanço de 31%.

Como consequência, as vendas de celulose cresceram 5% na mesma base comparativa, para 2,6 mil toneladas, enquanto as vendas de papel tiveram expansão de 10%, para 324 mil toneladas. Por outro lado, o custo de produção (chamado de “custo caixa”) da celulose aumentou 26%, para R$ 824 por tonelada.

Com isso, a receita líquida da empresa atingiu R$ 11,8 bilhões  no segundo trimestre, alta de 17% em comparação a igual período do ano passado.

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O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) da companhia, por sua vez, somou R$ 6,3 bilhões, alta de 6% em relação a igual período do ano passado e um pouco acima da projeção do Itaú BBA, que esperava um resultado de R$ 6,2 bilhões. Já a margem Ebitda caiu para 55%, de 60% no segundo trimestre de 2021.

Mais investimentos

Também nesta quarta, a Suzano informou que aumentou a sua previsão de investimentos (Capex) para 2022. Agora, a empresa espera investir R$ 16,1 bilhões ao longo do ano. A expectativa anterior era de R$ 13,6 bilhões.

O aumento se deve a basicamente dois motivos. O primeiro se refere às aquisições societárias da Parkia (concluída) e da Caravelas (em processo de aprovação pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica). O segundo fator é o maior investimento em manutenção.

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