Alliar (AALR3): controladores seguem sem definir quantas ações venderão, diz fundo de Tanure

Minoritários pressionaram por informações, mas fundo Fonte de Saúde diz que ainda não tem definição sobre qual será futura fatia de Tanure

Foto: Divulgação / Alliar

A quantidade de ações que o bloco de controle da Alliar venderá ao Fonte de Saúde, fundo ligado ao empresário Nelson Tanure, ainda é uma incógnita. As informações foram divulgadas pelo próprio fundo, após ser pressionado por sócios minoritários da empresa que estão interessados em saber se a oferta de compra será estendida a todos os acionistas.

Na quarta-feira (16), acionistas minoritários da Alliar pediram à empresa que convocasse uma assembleia geral extraordinária para deliberar sobre a suspensão do exercício dos direitos políticos do Fonte de Saúde e dos acionistas integrantes do bloco de controle da companhia.

A suspensão dos direitos, segundo o pedido, seria removida após a divulgação das condições que nortearam as negociações para a venda de ações dos controladores para o Fonte de Saúde e de quais controladores pretendem vender imediatamente as suas ações, e quantos permanecerão com uma opção de venda de ações no futuro.

A informação interessa aos minoritários porque o Fonte de Saúde pode ser obrigado a estender a oferta feita aos controladores para todos os acionistas da Alliar a depender da quantidade de ações que serão vendidas.

A Alliar se recusou a convocar a assembleia pedida pelos minoritárias e divulgou um comunicado do Fonte de Saúde em que o fundo diz que as condições do negócio são as usuais para operações deste tipo. A companhia também disse que, segundo o Fonte de Saúde, “ainda não há qualquer definição sobre as ações que serão efetivamente alienadas pelos acionistas do bloco de controle”. A operação deve ser fechada até 31 de março.

Por volta das 12h (de Brasília), as ações da Alliar subiam 3,56%, a R$ 16,31.

Briga entre minoritários e Tanure vem de longa data

Desde o ano passado, a Alliar tem sido alvo de tentativas de aquisição. A Rede D’Or fez a primeira oferta, o Fleury indicou que teria interesse, mas quem levou foi Tanure. Ele comprou pouco mais de um quarto da companhia em agosto de 2021, o que lhe conferiu o status de maior acionista individual da Alliar.

A iniciativa fez outros acionistas se mexerem. Os dois médicos fundadores da companhia, Roberto Kalil e Sergio Tufik, se juntaram a 48 acionistas minoritários e fizeram um acordo para formar um bloco representando uma participação de 50,2% da Alliar, garantindo o controle do negócio.

O bloco, então, deu início a uma negociação com Tanure, que culminou com o anúncio de um acordo em dezembro: o empresário compraria a fatia deste bloco pagando R$ 20,50 por ação – quase o dobro dos R$ 11,50 que a Rede D’Or havia proposto, e o equivalente a R$ 1,27 bilhão.

No entanto, o acordo previa que a compra poderia ser parcelada – uma parte agora e o restante num período de até dois anos.

O formato da proposta desagradou os minoritários da Alliar que ficaram fora do bloco de controle, porque eles viram o acordo como uma tentativa de burlar uma regra que obrigaria Tanure a comprar a empresa inteira pelo mesmo valor proposto aos 50 acionistas.

Não por acaso, no dia seguinte ao anúncio do acordo, em dezembro, a ação da companhia caiu 20,4%, refletindo a venda do papel por investidores que tinham comprado a ação esperando que a empresa fosse adquirida na íntegra pelo empresário.

Tanure rebateu acusação

Diante da repercussão negativa, a MAM Asset Management, gestora que representa Tanure na operação, chegou a divulgar um comunicado rebatendo a acusação.

Segundo a gestora, o acordo prevê a possibilidade de o empresário assumir o controle da empresa de imediato, mas incluiu a hipótese de parcelamento apenas para permitir a permanência dos acionistas do atual bloco de controle, “haja vista a sua importância para o desenvolvimento da companhia e a crença no seu potencial de crescimento”.

A MAM também reiterou que, se Tanure adquirir mais da metade do capital social da Alliar, “adotará imediatamente as medidas necessárias à realização de Oferta Pública de Aquisição de Ações”, conforme diz a legislação.

Conforme destacou a gestora no comunicado divulgado, o acordo “prevê a aquisição de até a totalidade de ações do bloco de controle”, mas não de todas. A oferta aos minoritários só seria obrigatória se Tanure aumentasse sua participação na Alliar para mais de 50%. Hoje, ele detém 27,60% da companhia.

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