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Por Sofia Abreu

Colunista de renda fixa da Agência TradeMap

Graduada em Direito e servidora pública desde 2012, já atuou como bancária do Banco do Brasil e atualmente é servidora do Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região. Publica conteúdo financeiro em seu canal do Youtube – Servidor que Investe – e em seu instagram.

Seus investimentos de renda fixa estão seguros?

Renda Fixa

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Ao aplicar em renda fixa, você se torna credor de uma instituição emissora de um investimento, que, por sua vez, passa a ser sua devedora. Tendo isso em vista, é importante perceber que cada tipo de investimento de renda fixa conta com um devedor distinto e, portanto, com risco de crédito (calote) diferente.

Dessa forma, quando você aplica seu dinheiro em um título público por meio do Tesouro Direto, por exemplo, está de fato emprestando dinheiro para o governo federal, que é o emissor de dívida com menor risco de calote no mercado financeiro.

Já quando investe em uma LCI (Letra de Crédito Imobiliário), em uma LCA (Letra de Crédito Agrícola) ou em um CDB (Certificado de Depósito Bancário), o que efetivamente acontece é um empréstimo para uma instituição bancária, que naturalmente possui um risco de crédito maior do que o dos títulos públicos federais. E da mesma forma ocorre com RDBs (Recibos de Depósitos bancários), CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários), CRAs (Certificados de Recebíveis Agrícolas) e debêntures.

Nesses investimentos, os emissores são sociedades e cooperativas de crédito, empresas privadas atreladas aos setores agrícola e imobiliário e empresas de diversas áreas da economia. Todos esses produtos são, portanto, também mais arriscados que os títulos emitidos pelo governo.

Mas com a expansão da economia e o desenvolvimento do mercado financeiro brasileiro, tornou-se crescente a preocupação das autoridades regulatórias com a estabilidade do sistema financeiro. Afinal de contas, um eventual calote de uma instituição privada poderia gerar um efeito cascata de quebra de outras instituições.

Além disso, haveria o risco de insolvência de investidores, que poderiam ter todo o patrimônio perdido em caso de falência da instituição em que seu dinheiro estivesse investido.

Atento a esse risco, em 1995, o Conselho Monetário Nacional (CMN) autorizou a criação de uma entidade privada, sem fins lucrativos, com o objetivo de administrar mecanismos de proteção para detentores de títulos de créditos de instituições financeiras. Assim, em novembro daquele ano, foi criado o Fundo Garantidor de Créditos, conhecido pela sigla FGC.

O fundo atua de forma preventiva em todo o sistema bancário e financeiro, para garantir um funcionamento fluido e seguro de todo o sistema em caso de quebra de instituições.

Leia mais: Como mensurar o risco de um investimento de renda fixa para ter maior retorno?

São garantidos por ele os recursos de investidores depositados, dentre outros, nos seguintes meios: depósitos à vista em instituições financeiras, depósitos em poupança, CDBs, ), LCIs, LCAs, RDBs, Letras de Câmbio (LC), Letras Hipotecárias (LH), depósitos a prazo, com ou sem emissão de certificado. Portanto, quando você investe em um CDB, caso haja a quebra da instituição financeira emissora dessa aplicação de renda fixa, você, credor, está protegido contra a insolvência da instituição graças ao FGC.

Mas há um limite para a cobertura, de R$ 250 mil credor e por instituição. A proteção do FGC prevê ainda um total de R$ 1 milhão por CPF para garantias pagas dentro de um período de quatro anos. Você pode ver a relação de instituições financeiras associadas ao FGC aqui.

Ainda que haja o FGC como “camada” de proteção contra eventuais quebras de instituições financeiras, o investidor diligente, contudo, não está eximido de pesquisar sobre a saúde do emissor dos títulos em que pretende investir.

Isso porque, apesar da garantia sobre os investimentos citados, o FGC não possui liquidez de recursos suficiente para honrar com todos os investimentos cobertos por ele em caso de quebra de uma quantidade significativa de instituições em um curto período de tempo ou de alguma de maior porte. Em junho de 2021, o fundo tem a liquidez de apenas 2,04% do saldo de depósitos elegíveis, conforme relatório semestral.

Em um cenário improvável, mas não impossível, de quebra generalizada de instituições financeiras, o FGC não teria liquidez para honrar nem 5% dos depósitos que são por ele protegidos.

Por causa disso é que sempre digo: não escolha investimentos de renda fixa apenas pela rentabilidade. Leve sempre em conta a solidez e a saúde financeira da instituição em que você aplica seu dinheiro, pois, apesar da existência do FGC, ele não é uma garantia tão robusta quanto muitas pessoas julgam ser.

Por isso, seja diligente, não aplique seu dinheiro em qualquer investimento de renda fixa atentando apenas para a rentabilidade sem antes saber o histórico da instituição financeira escolhida. Pesquisar dados sobre ela é fundamental para investir com segurança, ainda que seja na renda fixa.

*As opiniões, informações e eventuais recomendações que constem dos artigos publicados pela Agência TradeMap são de inteira responsabilidade de cada um dos articulistas. Os textos não refletem necessariamente as posições do TradeMap ou de seus controladores.

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