Bilionário, gênio, excêntrico… e atualmente o homem mais rico do planeta. Difícil ser “normal” nessas condições? A verdade é que Elon Musk sempre se supera. Ele já deu entrevista fumando maconha, arrumou confusão com a SEC (Securities and Exchange Commission, a CVM americana) quando anunciou que fecharia o capital da Tesla a US$ 420 por ação – ganhando em troca uma multa de US$ 20 milhões -, e já criou inúmeras polêmicas sobre criptomoedas, entre outras passagens.
A aventura mais recente é a compra do Twitter por US$ 44 bilhões. Essa, no entanto, não parece ser fruto de mero capricho e, sim, uma atitude calculada. Mas qual seria o motivo por traz dela?
Alguns acreditam que a principal razão desse investimento seria a defesa da liberdade de expressão. Musk sempre foi um usuário ativo da plataforma e ávido crítico da “censura” praticada por ela.
Apesar de amigo de Jack Dorsey, fundador do Twitter e até pouco tempo CEO da companhia, os dois gênios não parecem comungar das mesmas opiniões, principalmente em relação aos controles de conteúdo e disseminação de informações “não verificadas”.
Dessa forma, a compra pode demonstrar um genuíno interesse em promover ao limite a liberdade de expressão e, ao mesmo tempo, combater a hegemonia de narrativas tendenciosas na plataforma.
Outros defendem, entretanto, que Musk apenas deseja diversificar e aumentar o seu portfólio de empresas, que já conta com Tesla, SpaceX, Neuralink e The Boring Company.
O Twitter é, primeiramente, um negócio que ainda possui grande capacidade de expansão e melhoria. A companhia, portanto, poderia trazer vantagens financeiras para Musk. Além disso, a empresa é bem distinta das outras comandadas por ele, o que abre amplia o leque dos segmentos onde o bilionário atua.
Ambas as visões, a de liberdade de expressão e a de expansão de portfólio, podem estar corretas. Musk mostrou verdadeira preocupação com a questão da censura na plataforma e vem se pronunciando sobre o assunto já há algum tempo.
No dia 25 de março, ele postou uma enquete em seu perfil do Twitter perguntando se os usuários achavam que a plataforma deveria aderir ao princípio da liberdade de expressão. A resposta da enquete sinalizou que 70% dos respondentes acreditavam que não.
O tema veio à tona de novo assim que o anúncio da compra do Twitter foi feito. Musk fez um pronunciamento dizendo que “a liberdade de expressão é a base de uma democracia, e o Twitter é o local onde são debatidos assuntos vitais para o futuro da humanidade”. Ele disse, inclusive, que era por isso que estaria adquirindo a plataforma: para garantir a não censura dentro dela.
Por outro lado, Musk também focou nas melhorias que pode instituir na empresa adquirida, o que demonstraria o interesse econômico na plataforma. Especificamente, ele disse que quer “tornar o Twitter melhor do que nunca, aprimorando o produto com novos recursos, tornando os algoritmos de código aberto para aumentar a segurança, derrotando os bots (robôs) de spam e autenticando todos os humanos”.
Apesar de Musk ter afirmado que a decisão de compra não foi motivada por fins econômicos, não existe razão pela qual a companhia não venha a ser rentável e uma plataforma, em suas palavras, “confiável para a democracia”.
Independentemente das motivações de Musk, o fato é que a compra foi anunciada, os acionistas irão receber US$ 54,20 por ação, valor consideravelmente acima do preço de mercado, cuja última cotação foi de US$ 48,93 no dia 22, sexta-feira da semana passada.
A operação levará a companhia a fechar seu capital após quase dez anos sendo negociada na Bolsa de Nova Iorque e tendo tido bons resultados. E a questão mais importante é como o Twitter vai ficar sob a nova gestão.
Musk já anunciou algumas mudanças que devem ser implementadas rapidamente, como o botão “editar” nos posts e o enfraquecimento da participação de “moderadores” de conteúdo na plataforma.
Mas o sucesso da empresa dependerá exclusivamente de como os anunciantes irão reagir a melhorias, ajustes e novos padrões de controle, bem como a reação do público em geral. Com um mundo cada vez mais bipolar, as reações serão controversas. O fato é que a liderança de Musk e suas inovações devem causar um movimento positivo tanto para a empresa quanto para a liberdade de expressão.