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Roberta Paulinetti Franco Neves

Sócia da gestora BlueGriffin e parte da área de gestão de recursos desde 2020

Graduada em Economia e História pela Universidade William & Mary, nos Estados Unidos, em 2020. Autorizada a prestar serviços de administradora de carteira de valores mobiliários.

Tudo calculado: Por que Elon Musk comprou o Twitter, afinal?

Perfil de Elon Musk no Twitter à direita e logo da conmpanhia à esquerda

Foto: Shutterstock

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Bilionário, gênio, excêntrico… e atualmente o homem mais rico do planeta. Difícil ser “normal” nessas condições? A verdade é que Elon Musk sempre se supera. Ele já deu entrevista fumando maconha, arrumou confusão com a SEC (Securities and Exchange Commission, a CVM americana) quando anunciou que fecharia o capital da Tesla a US$ 420 por ação – ganhando em troca uma multa de US$ 20 milhões -, e já criou inúmeras polêmicas sobre criptomoedas, entre outras passagens.

A aventura mais recente é a compra do Twitter por US$ 44 bilhões. Essa, no entanto, não parece ser fruto de mero capricho e, sim, uma atitude calculada. Mas qual seria o motivo por traz dela?

Alguns acreditam que a principal razão desse investimento seria a defesa da liberdade de expressão. Musk sempre foi um usuário ativo da plataforma e ávido crítico da “censura” praticada por ela.

Apesar de amigo de Jack Dorsey, fundador do Twitter e até pouco tempo CEO da companhia, os dois gênios não parecem comungar das mesmas opiniões, principalmente em relação aos controles de conteúdo e disseminação de informações “não verificadas”.

Dessa forma, a compra pode demonstrar um genuíno interesse em promover ao limite a liberdade de expressão e, ao mesmo tempo, combater a hegemonia de narrativas tendenciosas na plataforma.

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Outros defendem, entretanto, que Musk apenas deseja diversificar e aumentar o seu portfólio de empresas, que já conta com Tesla, SpaceX, Neuralink e The Boring Company.

O Twitter é, primeiramente, um negócio que ainda possui grande capacidade de expansão e melhoria. A companhia, portanto, poderia trazer vantagens financeiras para Musk. Além disso, a empresa é bem distinta das outras comandadas por ele, o que abre amplia o leque dos segmentos onde o bilionário atua.

Ambas as visões, a de liberdade de expressão e a de expansão de portfólio, podem estar corretas. Musk mostrou verdadeira preocupação com a questão da censura na plataforma e vem se pronunciando sobre o assunto já há algum tempo.

No dia 25 de março, ele postou uma enquete em seu perfil do Twitter perguntando se os usuários achavam que a plataforma deveria aderir ao princípio da liberdade de expressão. A resposta da enquete sinalizou que 70% dos respondentes acreditavam que não.

O tema veio à tona de novo assim que o anúncio da compra do Twitter foi feito. Musk fez um pronunciamento dizendo que “a liberdade de expressão é a base de uma democracia, e o Twitter é o local onde são debatidos assuntos vitais para o futuro da humanidade”. Ele disse, inclusive, que era por isso que estaria adquirindo a plataforma: para garantir a não censura dentro dela.

Por outro lado, Musk também focou nas melhorias que pode instituir na empresa adquirida, o que demonstraria o interesse econômico na plataforma. Especificamente, ele disse que quer “tornar o Twitter melhor do que nunca, aprimorando o produto com novos recursos, tornando os algoritmos de código aberto para aumentar a segurança, derrotando os bots (robôs) de spam e autenticando todos os humanos”.

Apesar de Musk ter afirmado que a decisão de compra não foi motivada por fins econômicos, não existe razão pela qual a companhia não venha a ser rentável e uma plataforma, em suas palavras, “confiável para a democracia”.

Independentemente das motivações de Musk, o fato é que a compra foi anunciada, os acionistas irão receber US$ 54,20 por ação, valor consideravelmente acima do preço de mercado, cuja última cotação foi de US$ 48,93 no dia 22, sexta-feira da semana passada.

A operação levará a companhia a fechar seu capital após quase dez anos sendo negociada na Bolsa de Nova Iorque e tendo tido bons resultados. E a questão mais importante é como o Twitter vai ficar sob a nova gestão.

Musk já anunciou algumas mudanças que devem ser implementadas rapidamente, como o botão “editar” nos posts e o enfraquecimento da participação de “moderadores” de conteúdo na plataforma.

Mas o sucesso da empresa dependerá exclusivamente de como os anunciantes irão reagir a melhorias, ajustes e novos padrões de controle, bem como a reação do público em geral. Com um mundo cada vez mais bipolar, as reações serão controversas. O fato é que a liderança de Musk e suas inovações devem causar um movimento positivo tanto para a empresa quanto para a liberdade de expressão.

*As opiniões, informações e eventuais recomendações que constem dos artigos publicados pela Agência TradeMap são de inteira responsabilidade de cada um dos articulistas. Os textos não refletem necessariamente as posições do TradeMap ou de seus controladores.

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