Se eu lhe falasse que suas decisões são muito mais emocionais do que racionais, você concordaria? Pois é, as emoções sempre estão presentes em cada passo que damos, ainda mais nos assuntos do dia a dia. Quando o tema envolve dinheiro então, aí é que elas dominam de vez.
Neste artigo, você vai entender como as emoções podem sabotá-lo e saber a forma de se blindar ao máximo contra isso.
Duas formas de pensar
Você e toda pessoa em nosso planeta possuem duas formas principais de pensar. Uma é a rápida, ligada diretamente a atividades rotineiras ou conhecimentos básicos adquiridos. Já no modo devagar, seus pensamentos são mais lentos e, por consequência, têm mais racionalidade.
Quem diz isso é Daniel Kahneman, no livro “Rápido e Devagar: Duas Formas de Pensar”, registro muito importante sobre o modo pelo qual tomamos nossas decisões, principalmente as relacionadas ao dinheiro.
Imagine qual dos dois tipos de pensamentos você mais usa? É isso mesmo, o rápido. Por isso é que as emoções têm maior influência sobre a maioria das decisões.
Envolver as emoções em seus passos de investimentos não vai necessariamente gerar prejuízos para o seu bolso. O problema é quando elas se somam a fatores externos negativos, como notícias equivocadas sobre determinado ativo ou mercado.
Quando usamos a parte lógica de pensamento, ou seja, o modo devagar, as decisões tendem a ser mais acertadas pelo fato de analisarmos com mais calma uma informação. Com isso, sua análise poderá ir além de um título de uma matéria.
Leia mais:
O que os princípios babilônicos podem ensinar sobre investimentos
Vieses comportamentais
Em algum momento, você já deve ter ouvido falar em vieses. Eles são atalhos que você e outros investidores usam para tomar decisões com base em emoções e convicções. Entre eles, temos alguns que se destacam e são muito comuns, principalmente no mundo dos investimentos.
Viés de aversão a perda
Imagine que você compre determinada ação por R$ 20,00 e, após alguns dias, o preço desse ativo cai para R$ 15,00. Você venderia?
Qualquer resposta que tenha dado à pergunta acima fez você cair em um viés, pois não levou em consideração nenhum dado. É nesse ponto que o viés pega.
O investidor cai na frase atribuída ao treinador de futebol Vanderlei Luxemburgo: “O medo de perder tira a vontade de ganhar”. Ele não poderia estar mais certo. Isso se encaixa de tal forma nos investimentos que vemos vários exemplos de pessoas caindo neste viés sem nem perceber.
Esse modelo de comportamento faz você dar mais importância às perdas do que aos ganhos. E, diante disso, fugir ao máximo de qualquer risco e provavelmente perder várias oportunidades.
Viés da disponibilidade
O imediatismo é o maior vilão não só na hora do consumo, mas, ao tomarmos uma decisão de investimento com base em notícias, o quadro se complica.
Refiro-me a ao viés dos investidores que acreditam em qualquer publicação sobre uma ação de empresa ou outro tipo de ativo sem analisar se há algum fundamento para a informação ser realmente relevante para os seus investimentos. Isso pode levá-lo a perder dinheiro, seja vendendo um ativo na hora errada ou comprando em um momento ainda mais inadequado.
quando o investidor se atém apenas a informações recentes sem buscar aprofundar-se e busca mais sobre o fato gerador da informação
Viés da ancoragem
Sabe quando você coloca na cabeça um dado específico que viu em algum lugar ou ouviu falar a respeito? Provavelmente você caiu no tal viés da ancoragem. Parece bem inofensivo, mas não tem nada de bom.
Ao se guiar por algum número e pegá-lo como base para tomar alguma decisão – como a de comprar uma ação a R$ 20,00 e acreditar que toda vez que ela chegar a este mesmo preço é hora de comprá-la novamente -, você pode alocar mal o seu dinheiro e acabar tendo perdas.
Veja um exemplo. Quando querem vender cotas de um fundo de investimento, vão sempre falar de números do passado: “veja quanto rendeu este fundo nos últimos 12 meses”. Quando você mesmo vê o desempenho positivo de uma ação, inconscientemente projeta um retorno semelhante para o futuro. Tudo com base em suas emoções, digamos.
Como fugir das emoções e dos vieses
Tenho uma notícia negativa, ou talvez não tão ruim assim: não há como fugirmos totalmente de decisões baseadas na emoção. Isso é impossível, porque somos seres humanos. Rimos, choramos, festejamos e, muitas vezes, decidimos equivocadamente. Sobre isso, não temos controle.
A tentativa é conseguir administrar melhor esses momentos de decisão. Devemos buscar a capacidade de usar a parte de pensamento “devagar” e sermos racionais ao máximo, principalmente quando o assunto for dinheiro. Temos que ir em busca de informações e fundamentos antes de assumir qualquer decisão.
Assim, você pode caminhar no sentido de minimizar esses vieses, na maioria das vezes prejudiciais ao seu bolso e aos seus investimentos.