Depois de sinalizar na semana passada que será mais rigoroso com a inflação, o Banco Central (BC) detalhará hoje qual o seu cenário para os preços e para o crescimento da economia.
Na última vez em que apresentou estes dados, em setembro, o BC esperava aumento de 4,7% no Produto Interno Bruto (PIB) deste ano e de 2,1% em 2022. A expectativa é de que os dois números sejam revisados para baixo, em particular a estimativa para o ano que vem, para ficarem mais alinhadas às projeções de mercado – de 4,65% e 0,50%, respectivamente.
No caso da inflação, o movimento esperado é o oposto. Em setembro o BC previa que a alta dos preços neste ano seria inferior a 10% e no ano que vem ficaria perto do centro da meta, de 3,5%. A situação atual é bem diferente – nos 12 meses terminados em novembro a inflação atingiu 10,74%, e para 2022 o mercado espera que a taxa estoure o teto da meta.
O mais provável é que o BC repita as projeções divulgadas na semana passada, quando anunciou a decisão de política monetária – inflação de 10,2% para 2021, 4,7% para 2022 e 3,2% para 2023. Isso partindo da premissa de que a taxa básica de juros (Selic) chegará a um teto de 11,75% no ano que vem, mas terminará 2022 em 11,25%, caindo para 8,00% ao fim de 2023.
O mais importante para o mercado será entender se o BC espera estes níveis de inflação mesmo com uma desaceleração mais intensa da economia. Se este for o caso, o mais provável é que a instituição fique mais insensível a níveis baixos de atividade enquanto estiver aumentando a Selic.
Isso reduz as chances de os juros subirem menos nos próximos meses, ou caírem mais depressa a partir de maio, quando está prevista uma redução nos preços da energia e uma desaceleração mais intensa da inflação.
Outros destaques
A Câmara dos Deputados aprovou ontem os trechos remanescentes da PEC dos Precatórios e a expectativa é de eles sejam promulgados hoje. Com isso, o governo terá garantido cerca de R$ 110 bilhões em espaço adicional para despesas públicas sem romper a regra revisada do teto de gastos em 2022.
A definição deste valor era importante para o mercado porque traz clareza sobre o grau de desvio que ocorrerá no esforço de ajuste fiscal no ano que vem. A notícia deve contribuir para a alta no preço das ações e queda do dólar e das taxas de juros.
No exterior, serão divulgadas as leituras preliminares dos índices dos gerentes de compras (PMIs) sobre a atividade dos setores industrial e de serviços de vários países pela manhã. Além disso, o Banco da Inglaterra e o Banco Central Europeu (BCE) anunciam decisão de política monetária às 9h e às 9h45.
No caso do Banco da Inglaterra, a expectativa é de que a instituição encerre o programa de compra de ativos e alguns especialistas apontam a possibilidade de aumento nos juros já na reunião de hoje. O objetivo destas medidas é conter a inflação, que está elevada no Reino Unido, assim como em vários outros países.
Para o BCE, as previsões são de que haverá expansão em um dos programas de estímulo atualmente em operação e a confirmação de que outra destas iniciativas – o PEPP, introduzido para conter os efeitos negativos da pandemia sobre o sistema financeiro – terminará em março. Neste caso, não há nenhuma alta de juros prevista para o encontro de hoje.