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CVC (CVCB3) pega trilha rumo à recuperação; entenda prévia operacional

A maior agência de turismo do país ainda luta contra incertezas trazidas por uma nova realidade

Foto: Divulgação

Quase dois anos depois, a pandemia ainda não acabou. Entre idas e vindas, os setores da economia sentem de forma particular os efeitos da Covid-19. E não há outro que tenha sido mais impactado negativamente que o turismo. No Brasil, um dos maiores exemplos de efeito danoso no segmento é a CVC (CVCB3).

A maior agência de turismo do país luta contra adversidades e incertezas trazidas por uma nova realidade, mas a perspectiva é de recuperação, por mais que esteja sendo lenta. Na manhã desta sexta-feira, 21, a CVC apresentou a prévia operacional do quarto trimestre do ano passado.

Em números não auditados e que ainda podem ser revistos até a divulgação do balanço trimestral, no dia 15 de março, a companhia reportou crescimento em todas as linhas na comparação anual.

 

(em R$ milhões) 4T21 ^ 3T21 2021 ^ 2020
Reservas Confirmadas 3.044 4% 8.967 41%
Brasil 2.230 -13% 7.455 42%
Argentina 815 126% 1.512 35%
Reservas Embarcadas 3.336 28% 8.708 32%
Brasil 2.522 13% 7.196 27%
Argentina 815 126% 1.512 62%

 

O fato relevante divulgado pela empresa, porém, possui alguns asteriscos. A operação brasileira, que reportou queda de 13% nas reservas confirmadas, na comparação com o terceiro trimestre, sofreu com um ataque cibernético que afetou a realização de novas reservas nos primeiros 15 dias de outubro. Além disso, há um mês a Itapemirim fechou as portas dos serviços de aviação e gerou uma nova dor de cabeça para a CVC. 

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Ademais, todo o negócio da companhia foi influenciado pela ameaça da variante Ômicron, da Covid-19, desde a última semana de novembro. A cepa, que se mostra mais contagiosa mas menos fatal, ainda causa problemas mundo afora, embora as fronteiras estejam sendo liberadas aos poucos.

A nova variante atenuou a demanda para voos internacionais, que estava fortalecida até então no trimestre.

Mas, segundo os dados da CVC, em novembro e dezembro, descartando o efeito negativo de outubro, as reservas confirmadas no Brasil equivaleram a 47% do registrado no mesmo bimestre de 2019, período pré-pandêmico. 

Esse número é melhor em 14 pontos percentuais em comparação ao terceiro trimestre, quando as reservas foram equivalentes a 33% do mesmo mês de 2019.

Do lado positivo, destacam-se as operações na Argentina. Nas reservas embarcadas, os negócios no país vizinho subiram mais de 100%. 

O resultado vem após a aposta da CVC na Argentina. Em outubro do ano passado, a agência de turismo comprou os 40% remanescentes da Ola, operadora e consolidadora de viagens corporativas e de lazer atuante há mais de 40 anos no país vizinho.

O que esperar da CVC daqui para frente?

No que se refere à variante Ômicron, embora os casos estejam em alta em todo o mundo, os óbitos causados pelo novo coronavírus estão em patamares baixos em relação aos últimos meses. 

Fonte: John Hopkins University
Fonte: John Hopkins University

Acredita-se que o efeito da variante sobre a demanda por viagens seja real no presente, mas transitório, dadas as suas características. Sinais de estabilização de casos e, posteriormente, e o esperado declínio tendem a reacender o otimismo do setor turístico.

Nos últimos dois anos, a pandemia pressionou o segmento e causou uma demanda reprimida, que deve ser liberada ao longo dos próximos meses ou anos, sobretudo quando as restrições relacionadas à pandemia caírem por completo, por mais que essa realidade não esteja no radar. 

A CVC está posicionada como uma das melhores agências de turismo do continente e o CEO da companhia, Leonel Andrade, tem reforçado o foco no investimento em tecnologia e experiência dos clientes. 

Os números mostram que o caminho da retomada ainda é longo. A receita líquida da empresa, em bases anuais, está em cerca de três vezes menor do que o pico atingido em uma mesma base comparativa, ao fim do terceiro trimestre de 2019, que foi de R$ 1,97 bilhão. 

Fonte: TradeMap
Fonte: TradeMap

No que se refere às ações, não poderia ser diferente. Os papéis ainda seguem pressionados dada a incerteza conjuntural, descolando a empresa de seus pares internacionais. 

Desde o último dia de 2019, as ações da CVC perderam quase 70% do valor, trajetória muito diferente de TripAdvisor, Booking, Expedia e Wynn Resort Limited, grandes players do turismo americano listados na Nasdaq que conseguiram se segurar (ou crescer) durante a crise.

Market cap (US$ milhões) 2020 2021 YTD
CVC 520 -50,06% -31,17% -7,53%
TripAdvisor 3.760 -4,13% -2,89% 1,16%
Booking 98.387 8,4% 8,8% 0,30%
Expedia 26.911 22,85% 36,78% -1,61%
Wynn Resort Limited 10.000 -19% -25% 0,40%

A demanda por petróleo, que está diretamente ligada a viagens em função do querosene, combustível para aeronaves, já está a todo vapor, com a commodity atingindo o maior patamar em sete anos.

Ao longo dos próximos anos, assim como quase todo período pós-crise, pode ser observada uma concentração de players no setor, com os sobreviventes ampliando o tamanho ante os pequenos. 

Uma boa notícia para a CVC, já que em condições normais o turismo tende a crescer acima do Produto Interno Bruto (PIB) no Brasil. Em passos lentos, a empresa procura se recuperar. 

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