Logo-Agência-TradeMap
Logo-Agência-TradeMap

Categorias:

Localiza (RENT3) vê lucro ajustado cair 27% com Unidas, mas sinergias são promissoras – papéis despencam

Locadora de veículos mineira está negociando abaixo de seus múltiplos dos últimos 36 meses

Foto: Shutterstock/Laszlo66

A Localiza (RENT3) apresentou, após o fechamento do pregão na última segunda-feira (14), o resultado do terceiro trimestre recheado de ajustes e números proforma, relacionados à fusão com a Unidas, concluída em julho.

O negócio, que juntou as duas maiores empresas de locação de veículos do Brasil, acabou trazendo impactos não recorrentes, sendo alguns não caixa, que acabaram influenciando negativamente o lucro da Localiza.

O Ebitda (antes de juros, impostos, depreciação e amortização) foi impactado por despesas relacionadas à compra da Unidas em si. Isto é, com mudança das lojas e agências, além de integração de sistemas e bancos de investimento.

Além da integração já citada, o lucro da companhia sofreu pela mais valia de carros, mais valia de clientes, ajuste a valor presente do pagamento a acionistas da Unidas e baixa do prejuízo fiscal da adquirida.

O lucro líquido ajustado consolidado recuou 27,6%, para R$ 682,1 milhões. Os valores ajustados foram equivalentes a 37,8% do montante.

O Ebitda consolidado avançou 30,9% na comparação anual, acompanhando a alta de 40% para R$ 6,13 bilhões da receita líquida, ambas na comparação proforma.

Esse foi o primeiro trimestre em que os resultados foram apresentados de forma consolidada e que também mostraram, de forma mais intensa, os investimentos realizados nas mudanças da operação e da frota.

É esperado que a Localiza utilize os recursos recebidos pela venda dos veículos à Brookfield, como remédio exigido pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), na aquisição de novos veículos. A empresa está bem posicionada para adquirir os veículos com forte barganha, dado que a produção nacional tem aumentado e a demanda do varejo ainda segue instável.

Um resultado pressionado como foi o do terceiro trimestre deste ano já estava no radar do mercado, uma vez que os custos do crescimento e da integração com a Unidas apareceriam nos balanços.

Em um dia negativo nos mercados, as ações RENT3 exprimem os resultados no curto prazo. Por volta das 12h19 desta quarta-feira (16), os papéis da Localiza recuavam 5,05%, a R$ 62,11, figurando entre as maiores quedas do Ibovespa.

O quarto trimestre certamente apresentará uma melhor dinâmica dos números, com maior demanda do varejo para o RAC e efeito caixa de R$ 3,2 bilhões do carve-out, a despeito de contínuos investimentos em aumento de frota.

No longo prazo, entretanto, a Localiza tem a faca e o queijo na mão para ampliar sua liderança no mercado ante os demais players, seja a Movida (MOVI3) ou a empresa resultante da nova Ouro Verde (a nova Unidas).

A empresa mineira está negociando abaixo de seus múltiplos dos últimos 36 meses, em termos de P/L e EV/Ebitda. Qualitativamente, a Localiza tem demonstrado boa gestão de custos e despesas com a captura das sinergias da aquisição de forma praticamente automática.

A redução da geração de valor, demonstrada por meio da compressão da diferença entre o ROIC e o custo da dívida, pode assustar, mas é resultado de uma maior depreciação e impactos one-off que não devem se repetir na mesma magnitude.

RAC: carro-chefe da Localiza cresce instantaneamente

Com a junção das operações entre as duas maiores empresas do segmento, a receita líquida de RAC (rent a car) da Localiza chegou a quase R$ 2 bilhões no terceiro trimestre deste ano, avanço de 30,7% na comparação com o mesmo período do ano passado proforma

O crescimento do preço médio por diária (22,1% em 12 meses, para R$ 108,20) tem sido o principal instrumento para a manutenção das margens da companhia e uma tendência do mercado, que indica a solidez da demanda e repasse do custo dos veículos zero. 

No terceiro trimestre, o investimento líquido na frota (resultado do valor disposto em compras em relação à receita líquida de vendas) foi de R$ 5,81 bilhões, alta de 433,30% em um ano.

Leia também:
Itaú BBA retoma cobertura de Movida (MOVI3) e Localiza (RENT3), mas prefere um dos papéis

O mercado esperava que, de forma geral para a indústria, esse investimento líquido poderia ser reduzido até o fim deste ano, mas a Localiza não tirou o pé do acelerador.

Em Seminovos, o impacto da queda dos preços de mercado, resultado da maior oferta de carros com maior produção de veículos zero, apareceu no preço médio, que caiu 5% na comparação anual, para R$ 61,27 mil.

No segmento, os veículos econômicos, que tiveram seu período de utilização elevado nos últimos anos, foram desativados, o que também pressionou os preços para baixo. Como esse tipo de carro é maioria, também favoreceu o volume vendido, diluindo as despesas de venda.

O GTF (gestão de terceirização de frotas), que outrora era o trunfo da operação da Unidas, segue com bom desempenho, atingindo uma receita líquida consolidada de R$ 1,16 bilhão. Houve ganhos em diária média e taxa de utilização.

O segmento é uma das maiores promessas da empresa no longo prazo para uma mudança no perfil de consumo de empresas para suas frotas.

O mercado permanecerá de olho no perfil de endividamento da Localiza, que encerrou o terceiro trimestre em 2,76 vezes na relação entre dívida líquida e Ebitda.

O número é alto, considerando o fato de que toda a dívida da empresa está ligada à emissão de dívida ligada ao CDI mais algum spread, mas está sob controle. A atual posição de caixa da Localiza é robusta o suficiente para fazer frente às dívidas até meados de 2024.

Compartilhe:

Leia também:

Mais lidas da semana

Uma newsletter quinzenal e gratuita que te atualiza em 5 minutos sobre as principais notícias do mercado financeiro.