A taxa de juros na Europa vai continuar subindo, mas o aumento será menos intenso que nos Estados Unidos, onde a economia está superaquecida. A avaliação é de Olivier Blanchard , ex-economista-chefe do FMI (Fundo Monetário Internacional) e professor de Economia emérito de Robert M. Solow no MIT.
Ele ressaltou que nos EUA o nível de desemprego está baixo – a taxa de desemprego em agosto foi de 3,7%, uma das menores dos últimos 20 anos -, e que isso aumenta a pressão de alta nos preços.
“Nos EUA, a demanda continua forte, pessoas acumularam recursos, você tem sinais de que o mercado de trabalho está muito apertado”, diz.
Na Europa, mesmo com a inflação anual atingindo recorde de 9,1% em agosto, Blanchard aponta que a economia não está superaquecida. A demanda é menor, e os preços estão subindo mais por questões relacionadas à oferta de energia do que pelo consumo.
A primeira razão para isso é a incerteza em relação à guerra na Ucrânia e seu impacto nos preços da energia, que é importada. O segundo ponto é que a alta do dólar causou uma queda da renda.
Para o economista, “o trabalho do BCE [Banco Central Europeu] é mais fácil e há uma grande chance de a demanda cair, o que faz com que o BCE não precise subir muito a taxa de juros”.
O resultado disso é que o Fed deve aumentar os juros numa intensidade maior que a prevista na chamada curva de juros – o conjunto de taxas negociadas no mercado para diferentes períodos.
Blanchard prevê que os juros americanos podem passar de 4% ao ano, o que deve elevar a taxa de desemprego para controlar a inflação.
Apesar disso, ele afirma que os teste de estresse mostram que não há grande risco de instabilidade financeira com um aumento da taxa de juros para 4% a 5%.
O economista acha que os bancos centrais devem subir a taxa de juros por seis meses e que depois ela deve começar a cair.
No caso dos mercados emergentes, o professor do MIT afirma que esses países importam inflação através dos preços mais altos de energia e vão precisar aumentar a taxa de juros.
O Brasil, que foi um dos primeiros a iniciar o ciclo de alta de juros pós-pandemia, está bem nesse cenário, segundo Blanchard, mas a situação ficará difícil no médio prazo com taxas de juros mais altas lá fora.